segunda-feira, dezembro 06, 2010

Barreiro, Terra Mítica.

Hoje li uma reportagem sobre a minha cidade, o Barreiro. Decidi então escrever e dedicar umas palavras à minha terra mãe, aquela onde nasci e vivi durante 37 anos. Sempre achei que era uma cidade diferente de todas as outras, pelo menos neste nosso modesto pais. A CUF, actual Quimiparque, foi sempre um ponto de referência para todos os barreirenses e é parte integrante, senão a principal, da história da cidade. Sei que a sua origem remonta de uma aldeia de pescadores e a sua história também tem a influência do rio Tejo. Para mim, nascido em 1971, ainda vivi parte integrante desta querida cidade. Os meus pais trabalhavam na Bonfim, mais tarde integrada na EDP onde dentro dos seus muros vivi a minha infância, vivendo desde cedo em ambiente “fabril”. Lembro-me de conversas sobre a PIDE, comunismo, pressões e algumas escaramuças. Lembro-me de como era difícil a vida dos meus pais, trabalhando no duro para sustentar a casa, saindo com a minha mãe de madrugava acompanhando-a, a brincar, nas limpezas. O meu pai começou na “pá e picareta” a abrir vala, passando mais tarde para a carpintaria. Fui o menino da Bonfim, o Costinha pequenino como me chamavam por lá. Fui acompanhando a vida daqueles trabalhadores, amigos, em que a espaços vou sabendo da morte de uns e outros, tal como o meu querido pai também já foi… Lembro-me bem, como se fosse hoje, dos “gazes”, do famoso nevoeiro de enxofre e amoníaco que cobria muita vezes a cidade. Lembro-me das pessoas se queixarem que as marquises das varandas eram corroídas mais depressa na minha cidade. Lembro-me do comboio, das estações do Barreiro e Barreiro-A, das linhas que cruzavam e dividiam a cidade, de admirar as locomotivas, de sentir os seus cavalos puxarem as carruagens onde tantas vezes andei. Lembro-me das praias onde tantas vezes esperei saltar nas ondas formadas pelos antigos barcos. Lembro-me do cheiro a maresia, do lodo, das garrafas de óleo e de tantas outras coisas que estavam no rio onde toda a cidade se banhava. O mesmo rio onde hoje, mais limpo, ninguém se banha pois certamente morreria (risos)… não sei como estou ainda vivo, tal como milhares de pessoas da minha cidade, pessoas daqueles tempos. Foi no Barreiro que me instrui, que aprendi a ser Homem, nas selváticas escolas da cidade onde comecei na escola nº 7, depois Mendonça Furtado e finalmente no Alfredo da Silva. Foi no Barreiro que me apaixonei mais vezes e onde a paixão me agarrou, foi lá que conheci a mulher da minha vida, foi lá que casei. Os meus melhores amigos são do Barreiro, são gente como eu, sempre muito à frente numa cidade que todos acham hoje estar muito atrás. Os “gazes” praticamente já se foram e na orla costeira barreirense podem-se ver esqueletos de uma história linda, de sucessos e insucessos, de trabalho e suor, de um coração que vai parando de bater, tal e qual os das gentes que por lá trabalharam. Dizem que é um dormitório de Lisboa, mas quem lá vive sabe que não é bem assim, sente-se vida no ar e uma energia potencial enorme. E o Barreirense, a Quimigal, o Luso, entre tantas outras colectividades desportivas da cidade que em tempos alimentaram a nossa selecção? Está tudo lá, pena não existir o museu da cidade. É feia? Não! Para mim é a cidade mais linda que existe no mundo inteiro… é a minha cidade. O meu Barreiro!

segunda-feira, novembro 29, 2010

Jogar palavras fora...

Estamos quase no final do mês de Novembro e hoje decidi escrever algumas palavras. Debato-me com um problema porque concretamente não sei bem sobre o que escrever, que a meu ver é um sinal positivo. Vou-me conhecendo e agrada-me esta rotina, aquela de que por vezes me queixo, que acho ser doentia. Sinto-me bem e a vida corre plena de paz e de acordo com o “planeado”. Sei bem que a qualquer momento o tabuleiro da vida pode alterar as regras do jogo mas sinto-me preparado para qualquer desafio. Os tempos estão difíceis mas há tempos que me preparo para eles, não estou surpreendido mas sim desiludido. Nem sempre temos de elaborar textos bonitos e profundos, com aquela mensagem ou aquele desabafo. Também sabe bem jogar palavras fora, só mesmo pela necessidade de escrever algo. É o que estou a fazer agora, a jogar algumas palavras fora para mais tarde não dizer, ou pensar, porque razão não escrevi nada naquele mês. Tenho tido muito trabalho é verdade, alguns prazos a respeitar e quando estamos demasiado focados o tempo passa a correr, nem damos por ele. Hoje está um dia chuvoso, um pouco frio, é inverno… é assim que deve ser.

terça-feira, outubro 26, 2010

Chomsky e as 10 Estratégias de Manipulação Mediática.

Desde há muito tempo que venho alertando as pessoas para o facto de estarmos sempre atentos e informados, dentro do possível e com o que nos é permitido saber. No meu caso sempre desconfiei da minha liberdade, ou do seu significado, bem como saber qual o meu papel no seio da sociedade. No meu universo mais próximo, no que me rodeia, bem como em tudo na minha vida, não suporto ser manipulado ou enganado. Sempre me preocupei em não ser um mero peão/cidadão, um simples número nos cadernos eleitorais ou apenas um número em qualquer entidade, serviço ou base de dados. Há muito que desconfio daqueles que têm a possibilidade de interferir na nossa vida, os ditos lideres, em quem, no fundo, depositamos confiança quando os elegemos como tal, directa ou indirectamente. Como eu pensam algumas pessoas, desconfiam do sistema e preocupam-se, mas apenas nos podemos contar com a nossa atenção e desconfiança. Não adiro à máxima: “Felizes são os ignorantes…”, mas reconheço que ando seriamente preocupado com o actual estado da sociedade humana, ao ponto de tudo fazer para partilhar o que penso saber com todas as pessoas. É apenas uma linha de pensamento e posso sempre estar equivocado, no entanto decidi partilhar quem também pensa como eu. Avram Noam Chomsky, linguista norte americano conhecido pelas suas posições políticas de esquerda e pela sua crítica da política externa dos Estados Unidos. Descreve-se como um socialista libertário, havendo quem o associe ao anarcossindicalismo, posições que não subscrevo. Ainda assim elaborou a lista das 10 estratégias de manipulação através dos média, com a qual concordo. Vamos lá:

(01) A ESTRATÉGIA DA DISTRAÇÃO.

O elemento primordial do controle social é a estratégia da distração que consiste em desviar a atenção do público dos problemas importantes e das mudanças decididas pelas elites políticas e económicas, mediante a técnica do dilúvio ou inundações de contínuas distrações e de informações insignificantes. A estratégia da distração é igualmente indispensável para impedir ao público interessar-se pelos conhecimentos essenciais, na área da ciência, da economia, da psicologia, da neurobiologia e da cibernética. "Manter a atenção do público distraída, longe dos verdadeiros problemas sociais, cativada por temas sem importância real. Manter o público ocupado, ocupado, ocupado, sem nenhum tempo para pensar; de volta à granja (quinta) como os outros animais (citação do texto 'Armas silenciosas para guerras tranquilas')".

(02) CRIAR PROBLEMAS, DEPOIS OFERECER SOLUÇÕES.

Este método também é chamado "problema-reacção-solução". Cria-se um problema, uma "situação" prevista para causar certa reacção no público, com o fim de que este seja o mandante das medidas que se deseja fazer aceitar. Por exemplo: deixar que se desenvolva ou se intensifique a violência urbana, ou organizar atentados sangrentos, a fim de que o público seja o mandante de leis de segurança e políticas em prejuízo da liberdade. Ou também: criar uma crise económica para fazer aceitar como um mal necessário o retrocesso dos direitos sociais e o desmantelamento dos serviços públicos.

(03) A ESTRATÉGIA DA GRADUAÇÃO.

Para fazer com que se aceite uma medida inaceitável, basta aplicá-la gradualmente, a conta-gotas, por anos consecutivos. É assim que condições socio-económicas radicalmente novas (neoliberalismo) foram impostas durante as décadas de 1980 e 1990: Estado mínimo, privatizações, precariedade, flexibilidade, desemprego em massa, salários que já não asseguram ingressos decentes, tantas mudanças que haveriam provocado uma revolução se tivessem sido aplicadas de uma só vez.

(04) A ESTRATÉGIA DO DEFERIDO.

Outra maneira de se fazer aceitar uma decisão impopular é a de apresentá-la como sendo "dolorosa e necessária", obtendo a aceitação pública, no momento, para uma aplicação futura. É mais fácil aceitar um sacrifício futuro do que um sacrifício imediato. Primeiro, porque o esforço não é empregado imediatamente. Em seguida, porque o público, a massa, tem sempre a tendência a esperar ingenuamente que "tudo irá melhorar amanhã" e que o sacrifício exigido poderá ser evitado. Isto dá mais tempo ao público para acostumar-se com a idéia de mudança e de aceitá-la com resignação quando chegue o momento.

(05) DIRIGIR-SE AO PÚBLICO COMO CRIANÇAS DE BAIXA IDADE.

A maioria da publicidade dirigida ao grande público utiliza discurso, argumentos, personagens e entoação particularmente infantis, muitas vezes próximos à debilidade, como se o espectador fosse um menino de baixa idade ou um deficiente mental. Quanto mais se tentar enganar o espectador, mais se tende a adoptar um tom infantilizante. Por quê? "Se você se dirige a uma pessoa como se ela tivesse a idade de 12 anos ou menos, então, em razão da sugestionabilidade, ela tenderá, com certa probabilidade, a uma resposta ou reacção também desprovida de um sentido crítico como a de uma pessoa de 12 anos ou menos de idade (ver "Armas silenciosas para guerras tranquilas")".

(06) UTILIZAR O ASPECTO EMOCIONAL MUITO MAIS DO QUE A REFLEXÃO.

Fazer uso do aspecto emocional é uma técnica clássica para causar um curto circuito na análise racional, e por fim ao sentido critico dos indivíduos. Além do mais, a utilização do registo emocional permite abrir a porta de acesso ao inconsciente para implantar ou enxertar ideias, desejos, medos e temores, compulsões, ou induzir comportamentos...

(07) MANTER O PÚBLICO NA IGNORÂNCIA E NA MEDIOCRIDADE.

Fazer com que o público seja incapaz de compreender as tecnologias e os métodos utilizados para seu controle e sua escravidão. "A qualidade da educação dada às classes sociais inferiores deve ser a mais pobre e medíocre possível, de forma que a distância da ignorância que paira entre as classes inferiores às classes sociais superiores sejam e permaneçam impossíveis para o alcance das classes inferiores (ver 'Armas silenciosas para guerras tranquilas')".

(08) ESTIMULAR O PÚBLICO A SER COMPLACENTE NA MEDIOCRIDADE.

Promover o público a achar que é moda o facto de ser estúpido, vulgar e inculto...

(09) REFORÇAR A REVOLTA PELA AUTOCULPABILIDADE.

Fazer o indivíduo acreditar que é somente ele o culpado pela sua própria desgraça, por causa da insuficiência da sua inteligência, das suas capacidades, ou dos seus esforços. Assim, ao invés de revoltar-se contra o sistema económico, o individuo desmoraliza-se automaticamente e culpa-se, o que gera um estado depressivo do qual um dos seus efeitos é a inibição da sua acção. E, sem acção, não há revolução!

(10) CONHECER MELHOR OS INDIVÍDUOS DO QUE ELES MESMOS SE CONHECEM.

No decorrer dos últimos 50 anos, os avanços acelerados da ciência têm gerado crescente brecha entre os conhecimentos do público que aquelas possuídas e utilizadas pelas elites dominantes. Graças à biologia, à neurobiologia e à psicologia aplicada, o "sistema" tem desfrutado de um conhecimento avançado do ser humano, tanto de forma física como psicologicamente. O sistema tem conseguido conhecer melhor o indivíduo comum do que ele mesmo conhece a si mesmo. Isto significa que, na maioria dos casos, o sistema exerce um maior controle e um grande poder sobre os indivíduos do que os indivíduos a si mesmos.

As palavras de Avram Noam Chomsky valem o que valem, cada pessoa tem o direito de as interpretar com bem entender e a sua opinião é válida. No meu caso vão ao encontro e no seguimento da minha própria linha de pensamento, quanto a mim está a acontecer. Por isso a todos apenas peço que fiquem atentos aos sinais e aos detalhes de roda pé, principalmente aos média, que nos entram pela casa dentro todos os dias. Apenas pensem no assunto e olhem à vossa volta, ao que se passa no mundo…

terça-feira, outubro 19, 2010

Tempos de crise e a crise dos tempos…

No nosso modesto (não para todos) pais os tempos andam convulsos. São tempos de crise onde as componentes social e económica andam de candeias às avessas. Na realidade essas mesmas componentes da sociedade nunca se deram bem, numa verdadeira relação de amor-ódio. No fundo convivem na mentira onde a economia jamais se preocupa com o social, absorvendo-a consoante se encontre saudável ou não. Já o social, quer por regra ou incapacidade, não se preocupa com a economia, consumindo-a sem pensar no futuro da relação. Trata-se de um sistema imposto pelo Homem para o Homem, onde algum Homem vai “alimentando-se” de outro Homem. É uma forma de sociedade onde na equação da sobrevivência o factor social pouco peso tem, simplesmente uns creditam e outros debitam. Quando a relação azeda toda a sociedade se apressa a “culpabilizar” a economia, esquecendo-se do social, esquecendo-se do Homem.

Quem vem seguindo as minhas publicações já deve ter-se apercebido que a palavra Homem é para mim central. Digo-o porque o Homem desde a sua origem é o ser vivo que mais deixa a sua pegada no nosso mundo. Temos hoje, nem todos, consciência que não são boas as pegadas, salvo raras excepções. O Homem é um ser inteligente, está capacitado com um cérebro que aprende e desenvolve, mas cada espécime é diferente de outro, não existindo, nesta matéria, qualquer dúvida. O Homem vive em sociedade mas não é “nada social”. O Homem não está a saber viver em harmonia com o seu mundo nem consigo próprio, esgota recursos naturais e esgota-se enquanto espécie. A continuar assim vai acontecer-lhe o mesmo que às restantes espécies, vai-se extinguir! Também já não é a primeira vez que escrevo sobre isto, e não querendo ser repetitivo apenas pretendo alertar para a actual situação. A cada Homem é permitido fazer algo, por muito pouco que seja, para começar a inverter todo um processo de autodestruição, para muitos involuntário. Mas a diferença está nos detalhes, há que começar por algum desses detalhes, por mais ínfimo que pareça.

Eu sou Homem, já me apercebi da situação e já alterei alguns detalhes, mas estou limitado a mim mesmo. Posso contribuir para melhorar o meu universo mais próximo, a minha “área” de intervenção, o que me rodeia. E falo de todos os detalhes, desde capacitar-me de mais e mais informação, de aprender cada vez mais e de parar… apenas para pensar. Faço-o à minha maneira e aprendi a agir, a reagir e a obter resultados. Pequenos detalhes como apagar sempre as lâmpadas em divisões sem ninguém permite-me poupar energia, poupar o planeta e a carteira. Conduzir mais devagar no automóvel permite-me poupar combustível, poupar o planeta e a carteira. Utilizar a mesma garrafa de água, enchendo-a quando vazia, durante uma semana, permite-me poupar o planeta e a carteira, etc.

Existe um custo, pessoal, de privação ou bem estar, de hábito ou qualquer outro. Tudo na nossa vida tem um custo, com ou sem retorno, mas na actual situação qualquer detalhe, por muito pequeno que seja… conta!

terça-feira, outubro 12, 2010

António José Costa

António era o nome do meu querido pai e que saudades já tenho dele. Quis a vida que na passada quarta-feira deixasse de estar entre nós. No final desse dia eu senti que seria a ultima vez que lhe daria um beijo e lhe agarraria a mão, sentia-o… pressentia-o. Estava hospitalizado em estado critico há 10 dias, eu via-o a cair, a cada dia mais um pouco, aqui e ali o seu estado físico debilitava. Há muito que sofria e eu, egoísta, queria-o perto de mim. Ainda esperou que eu o visitasse e me despedisse, mas penso que já estaria a seguir o seu caminho, seguia a luz… No final o cancro venceu, mesmo com todos os tratamentos… venceu. Sempre tive esperança que fosse contemplado com um qualquer milagre, mesmo eu tendo um qualquer conflito com a religião mas não com qualquer entidade superior. Até à noticia fatal essa esperança permanecia viva… eu queria que acontecesse. Mas não aconteceu!

Já passaram os dias da “despedida” física. O seu corpo já repousa ao sabor da terra e a natureza trata do resto. Custa-me ainda pensar nisso, mas as coisas funcionam assim. Ele era um homem amigo da natureza, privava com ela de uma forma especial, fundiam-se a cada momento, a cada respirar, a cada acção sua. Foi realmente um homem bom e um bom homem, não por ser meu pai, mas porque o era mesmo. Esteve entre nós 64 anos e 8 meses, mas eu acho que merecia estar mais e ter sofrido menos. Custa-me a entender o porquê de nos últimos 3 anos ter tido de sofrer tanto, por que razão, ou que razão poderá ter havido, para a dor passar a ser sua companheira fiel, a sua cruz. Não vale a pena pensar nisso. Eu, minha mãe e família o recordamos no seu melhor. Recordo-o em tudo o que sou e em tudo o que tenho.

Esta publicação não é uma homenagem, é apenas um desabafo, são apenas palavras. Adoro-te Pai porque estás sempre presente e jamais te esquecerei. Para mim estás vivo e aqui ao pé de mim. Não te toco mas sinto-te, sei que olhas por todos nós…

terça-feira, setembro 28, 2010

Sofrer para aprender a sofrer

Em Maio de 2006 a minha alma não andava no seu melhor, andava confuso comigo próprio. As razões eram baças e eu não percebia o que se passava comigo, parecia despistado da vida. Muitas vezes me questionei se tudo aquilo teria qualquer significado, se era uma lição da vida passada ou uma aprendizagem para a vida futura. Passaram-se anos desde então e aos poucos encontrei-me em mim, afinal eu valia alguma coisa. Descobri, finalmente, que nunca nos podemos negar e que a vida não corre por acaso, somos parte da vida e a vida parte de nós. Na escola da vida, a vida segue tal e qual lições de sala de aula, com notas e tudo. Na verdade, esta escola é exigente e nada é garantido ou existem passagens automáticas de crescimento. Nesta escola não existe graduação máxima, nem doutores nem engenheiros, apenas matéria e mais matéria, todos os dias algo novo. Com o passar do tempo algumas lições vão sendo lembradas e isso, por si só, já é sinal que temos aprendido as lições, não todas, mas algumas.

Ainda em 2006, recebi um e-mail contendo um texto que na altura me tocou e tratei de colocar no blog. O titulo “Tudo o que acontece, acontece por bem” não fazia muito sentido, mas não sei porque razão nunca mais o esqueci. Hoje, em 2010, e com muitas lições passadas, tudo começa a fazer sentido. Encontro-me em mais uma prova de vida, em mais uma lição, talvez uma das mais importantes. E recordo-me, frequentemente, do titulo e das palavras, da mensagem que outrora não percebera. No fundo hoje estou preparado para este teste, um teste de vida ou de morte. Não me sinto bem com a situação, mas estou seguro que: tudo o que acontece, acontece por bem.

Podem ler texto em 2006:

http://joaquimcosta.blogspot.com/2006/05/tudo-o-que-acontece-acontece-por-bem.html

segunda-feira, julho 12, 2010

Algumas músicas da minha vida.

Olá meus amigos, visitantes assíduos, perdidos ou curiosos. Com esta publicação vou expor partes da história da minha vida até ao momento desta publicação. Podia começar a escrever algo parecido a um diário, mas seria um pouco entediante e sem grande interesse. Decidi então associar às partes as respectivas músicas, sendo as mesmas uma chamada à recordação, ao momento vivido. Não será muito longo o texto, apenas o suficiente para imaginarem aquilo que passei, aquilo que recordo. Acho que toda a gente faz esta analogia, as músicas não são mais que lembretes, marcas, estados de espírito ou o que lhe queiram chamar. Podemos recordar bons ou maus momentos e, quantas vezes, elas alteram o nosso estado de espírito, a nossa disposição, os nossos desejos. Quem sabe algumas destas músicas não são importantes também a vocês? Como sabem estas coisas acontecem, seja em casa, no carro, em salas de espera , no trabalho ou onde quer que se ouça música. Por isso lembrar-me e associar as mesmas é um pouco difícil, o impacto não é o mesmo, pelo menos para mim. Ainda assim seguem as que me lembrei:

Zeca Afonso, Grândola Vila Morena

Acho que esta é a primeira música que fixei, aquela que vai mais longe na minha memória. A música foi grava em 1971, o ano em que nasci, portanto ainda posso dizer que vivi nos tempos da outra senhora, ou do outro senhor. Na altura percebi que era uma música emblemática e que simbolizava algo, apenas mais tarde soube que foi a música escolhida pelo Movimento das Forças Armadas (MFA) para ser a segunda senha de sinalização da Revolução do Cravos ás zero horas e vinte minutos do dia 25 de Abril de 1974. Não sei bem que idade tinha para esta associação, mas lembra-me a primeira casa onde morei com os meus pais e a turbulência que se sentia nas pessoas.

Música Clássica, Fúnebre

1980 foi um ano de acontecimentos históricos. Uma das associações que tenho é que quando ouço música clássica, tipo fúnebre ou do mesmo género, vem-me à ideia a passagem incessante de uma notícia na televisão. Mais tarde soube que ocorreu o terramoto nas ilhas Terceira, São Jorge e Graciosa no arquipélago dos Açores. As imagens eram terríveis, a desgraça e a dor das pessoas entravam-nos pela casa a dentro a toda a hora. Lembro-me do constante apelo ao apoio popular na ajuda às vitimas.

Série: As aventuras da Abelha Maia

Acho que todos se lembram desta música, eu lembro-me bem. A estreia da série na Alemanha foi em 1976, portanto em Portugal deve ter sido mais tarde. Associo esta música a uma recordação da sala onde morava com os meus pais. A mesa ao centro, as cadeiras, a televisão a preto e branco e… uma semana sem programação infantil. Presumo que esteja a recordar factos de 1980 à data da morte de Francisco M. L. de Sá Carneiro em 4 de Dezembro do mesmo ano. Sei que durante uma semana a RTP apenas transmitia as cerimónias fúnebres e dava a notícia incessantemente. Lembro-me bem que estava lixado da vida com isso, não percebia bem o que estava a acontecer nem o que significou.

Séries: Dallas, The Love Boat, Battlestar Galactica, Sítio do Picapau Amarelo, Verão Azul, etc

Todas estas séries me levam aos tempos do Penteado. Para quem não sabe fica no concelho da Moita, distrito de Setúbal. Foi por lá que passei praticamente todos os fins de semana da minha infância e, diga-se, da minha adolescência. Bem cedo, os meus pais compraram um terreno por lá, para onde iam após uma semana de trabalho no Barreiro, na antiga Bonfim em que hoje as suas instalações estão ao abandono e o terreno à venda. Por lá, pela Bonfim, passei também a minha infância e adolescência. Mas voltando ao Penteado, todas a séries acima indicadas, e tantas outras mais que não me recordo de momento, levam-me às manhãs e tardes, ora deitado, ora sentado, no anexo que ainda hoje existe e onde actualmente moram os meus pais. Lembro-me do verão e dos dias de imenso calor, do inverno e do frio de rachar, da lareira na cozinha pequenina, da caixa de cartão transformada em castelo onde habitavam bonecos pequenos. Lembro-me dos banhos no tanque do avô do Pedro e do Ricardo, do meu amigo Rui, do Jó e do seu irmão mais velho Filipe. Lembro-me dos grandes almoços em família, quer na casa dos meus pais, quer em casa do meu tio Saul que faleceu este ano. O Penteado está muito marcado na minha vida, foram muitos anos por lá, inclusive nas férias dos meus pais e na vida deles. Hoje em dia vou lá de tempos a tempos e, pouco a pouco, a cada dia que passa, o local transforma-se e as pessoas que conhecia vão morrendo, bem como alguns amigos há muitos anos que não lhes ponho a vista em cima. A vida continuou para todos…

Continuando, a década de 80 foi muito marcante na minha vida e vou só dar exemplos de algumas lembranças:

Rod Stewart 1982, Absolutely Live

Este álbum ao vivo de Rod Stewart leva-me aos tempos das arcadas num prédio do Barreiro, perto do café Piratão, que não sei se ainda existe. Nessas arcadas jogávamos aos “becks”, dois toques e chuta. Ainda fugi algumas vezes de lá a correr, quer fosse pelos vizinhos irritados com o barulho, alguns mitras que apareciam por lá e queriam roubar a bola ou mesmo aviar a malta com porrada. Nessa altura andava com o pessoal dessa zona e lembro-me do Telmo e do Edmar, irmãos pretos que eram uns porreiros, se bem que o Edmar era meio marado. O Rui Azevedo que era meu colega de turma na Escola Secundária Alfredo da Silva, do João a quem a malta chamava “algas” não sei bem porquê, do Nilton, do Nini e do João Godunha. Na altura o “algas” namorava com uma rapariga que andava no “Alfredo”, a escola, e ao grupo juntou-se a Célia e a Paula, onde a ultima hoje trabalha na PT, como eu. O episódio que me lembro é de andar a tentar ter algo com a Célia, o que resultou num fracasso pois no final andou com o Nilton. Soube mais tarde que a Paula até gostava de mim e eu, cego, nem dei por nada. Mas estas músicas associam-me a esses tempos de convivência com malta que era muito mais à frente.

Polystar 1985, Dire Straits, Supertramp, Heróis do Mar, Bryan Ferry, etc

Ao som desta colectânea, que rodou e rodou pelo gira-discos quase até gastar, passei eu muitas horas deitado na cama, simplesmente a ouvir as músicas. Era um não fazer nenhum e na altura o que eu curtia era não ter de estudar, gostava mesmo era olhar a tarde toda para as gajas da rua através dos buracos das persianas.

Propaganda 1985, Duel
Pink Floyd 1987, A Momentary Lapse of Reason

Esta música leva-me até uma viagem com os meus pais à terra do meu pai, Santiago de Cassurrães em Mangualde. Como eu raras vezes saia esta foi uma viagem bem fixe pois na mesma altura juntaram-se por lá todos os tios. A malta mais nova ficou em casa do meu primo Jorge, filho de tios emigrantes na Alemanha. Ele estava muito à frente e tinha uma discografia invejável. Esta música foi uma das muitas que ele me gravou de LP para cassete, tal como o álbum dos Pink Floyd em causa. Também nessa visita fui à discoteca Day After e a uma Rave numa discoteca em Tondela, que não me lembro o nome. Foi em grande…

Simple Minds 1985, Don't You (Forget About Me)

Esta música levava-me sempre a simular o baterista pois adorava a batida.

Tears for Fears 1985, Everybody Wants To Rule The World
Time Bandits 1985, Endless Road

Estas lembram-me idas à praia do Barreiro, concretamente ao moinho onde com as meninas jogávamos ao bate pé.

Europe 1987, The Final Countdown

Esta marca uma época no “Alfredo”, cada intervalo das aulas era marcado por ela na sala de convívio. Também era a música associada à equipa de futebol da nossa turma, que não me lembro o nome. Eram só craques do Barreirense pelo que eu joguei em outra equipa, os 100 Catarro.

New Order 1986, True Faith
Bon Jovi 1986, Livin on a Prayer

Duas músicas que me lembram as tardes em casa da Irina, uma colega de turma da minha prima Xana.

Berlin 1986, Take My Breath Away

Esta música de 1986, do filme Top Gun, é a música dos meninos, ou seja, minha e da Ana, a minha Mulher desde há muitos anos. Claro que não preciso dela para me lembrar do que seja, “quase” todos os momentos com ela são bons, além de companheira é e sempre foi a minha melhor amiga. É um miminho nosso…

Marillion 1988, The Thieving Magpie

Álbum ao vivo desta banda que adoro e que um colega de turma, o Sergio que morava na minha rua, me gravou de LP para cassete. Passei muitas noites a ouvir estas músicas no meu primeiro e único walkman da Sony. Era vermelho e tinha um som dos diabos.

Right Said Fred 1992, I'm Too Sexy

Esta música é a que me lembro da primeira vez que fui a uma discoteca, foi no Barreiro na Discoteca Magic. Tinha 21 anos.

Everything but the Girl 1994, Missing

Esta dança-se sempre, mesmo sem vontade. Não marca nada especifico, mas sempre a adorei.

Tiesto 2004, Just Be

Esta é a minha música, aquela que me dá força e me lembra sempre que temos de ser quem somos. Não podemos nunca cair na tentação de viver a vida atrelados a quem quer que seja. Acreditem que assim a vida tem muito mais sabor.

quinta-feira, junho 24, 2010

A vida no campo.

Para muita gente começa a fazer sentido voltar à vida no campo. A espaços ouve-se, aqui e ali, as pessoas queixarem-se da vida dura nas grandes cidades, quer pelo número de habitantes, quer pelo eterno consumo de tempo dispendido em transportes, pela poluição e falta de espaços verdes ou mesmo total presença da natureza. Para alguns, principalmente pessoas na faixa etária entre os 30 e 40 anos de idade, começa a ser saturante a deslocação diária para o seu local de trabalho. Neste escalão as pessoas começam a sentir algum cansaço, o mesmo pode derivar de profissões bastante exigentes ou mesmo de algum tédio diário, uma rotina desconfortável que por vezes é de tal forma absorvente isentando a possibilidade de praticar qualquer outro tipo de actividade. No fundo as pessoas levantam-se e vão trabalhar, regressando mais tarde para jantar e dormir, repetindo este registo anos a fio. Para quem está a pensar voltar ao campo, ou mesmo para aqueles que nunca lá estiveram e queiram dedicar-se, nem que seja por hobbie, à vida de agricultor, seguem algumas dicas sobre batatas pois a matéria é bastante extensa.

Comecemos por tirar algumas dúvidas:

- Plantar ou Semear?

Após consulta no sitio na internet Ciberdúvidas da Língua Portuguesa, genericamente, plantar e semear são sinónimos. Para as pessoas que trabalham no campo, plantar é colocar no terreno uma planta em fase de desenvolvimento, e semear é lançar a semente ao terreno. O arroz pode ser semeado se as sementes forem directamente colocadas no terreno, e pode ser plantado se as pequenas plantas criadas nos viveiros forem implantadas no terreno para a segunda fase do desenvolvimento. Em relação às batatas, os lavradores dizem semear e utilizam, nomeadamente, batatas de semente.

Fonte: A. Tavares Louro, Semear ou plantar batatas?, ciberduvidas.sapo.pt

- Como plantar batatas?

Segundo o sitio na internet As Nossas Vozes, Jornal On-Line do Agrupamento de Escolas da Lajeosa do Dão, para semear as batatas é preciso lavrar a terra para que ela fique mole e deixe entrar a água mais facilmente. De seguida, é tempo de semear: abrimos uns buracos, colocamos as batatas, com um bom grelo, em carreirinha, um bocadinho afastadas umas das outras, e deitamos um punhado de adubo junto de cada batata. Tapamos o rego com terra e esperamos que a batateira venha à luz do sol. Temos que continuar a tratar da batateira: sachar, tirar as ervas daninhas, regar, manter a terra húmida e sulfatar e, ainda, matar as pragas. Chegou a altura de colher a batata, isto é: arrancar as batatas e, cozidas, fritas ou assadas, chegam à mesa das pessoas.

Fonte: Rui Romão, Como se semeiam as batatas?, asnossasvozes.blogs.sapo.pt/21077.html

Como disse anteriormente existe na internet muita informação acerca de temas ligados à terra, falamos agricultura, jardinagem, bem como toda a sua componente acessória.

No entanto a decisão de mudar de vida deve ser bastante ponderada, trata-se de uma mudança radical que implica automaticamente uma melhoria na qualidade de vida. Para quem tem família, principalmente dependentes, a questão deve ser debatida em conjunto verificando todos os cenários possíveis, mesmo os piores.

A saída dos grandes centros leva à “perda” de recursos ou serviços básicos que estavam próximos, bem como algumas “garantias” e mecanismos associados aos direitos dados por determinados empregadores.

Infelizmente, para algumas profissões onde fosse possível, a estrutura empresarial em Portugal ainda não encara bem o trabalho à distancia. Seria uma componente bastante eficaz para ambas as partes, retirando assim toda uma série de componentes logísticas associadas à presença obrigatória no local de trabalho. Retiravam-se pessoas aos grandes centros, aliviavam-se as já saturadas e ineficientes redes de transportes, poupavam-se recursos naturais e aliviava-se o consumo e dependência energética, bem como se dividia a disposição territorial evitando os grandes aglomerados habitacionais. No fundo seria a descentralização populacional e uma nova forma de estar, na vida, no trabalho e com a natureza.

Para lá caminhamos… resta saber quando será assim.

sexta-feira, junho 04, 2010

Humanidade, Espírito e Alma… Deus?

Começo a aperceber-me, cada vez mais, que algo está a acontecer no mundo espiritual. Reparo que aumenta a cada dia que passa informação sobre experiências, relatos, pesquisas, acerca do mundo espiritual. Já tenho lido sobre o assunto, e de facto até para um “auto-suficiente” como eu pensava ser, começo a ter dúvidas sobre muita coisa. Equaciono o que sinto e tento interpretar esta matéria da mesma forma com que o faço em tudo na minha vida. Este interesse pelo mundo esotérico surgiu-me porque sempre achei que existe “qualquer” coisa para além de nós. No fundo sempre achei, e acho, que estamos (humanidade) um pouco limitados em relação às nossas capacidades. Desde cedo que renuncio associar-me a qualquer religião, quer em acreditação, aceitação ou mesmo prática. Sempre aceitei a religião dos outros, mas sempre ouvi a minha própria religião, seja o que isso for. Se por um lado tenho essa sensação de que existe um ser “superior”, por outro custa-me acreditar porque nunca recebi qualquer sinal, mensagem ou indicação que esse ser existe. Sou do género “ver para crer”.

Em determinada fase da minha vida precisei avaliar-me como pessoa, reencontrar-me e tomar um rumo consciente em relação ao futuro. Para tal, por necessidade e por sugestão de amigos, recorri à ajuda de um psicólogo. Foi uma experiência compensatória, no fundo estive a ser avaliado e “corrigido” nos meus registos e processos. Agradeço porque efectivamente essa terapia foi fundamental para a minha evolução como homem. Comecei também a ler muito, algo que não fazia parte dos meus hábitos. No principio optei por livros relacionados com a vida quotidiana, com experiencias e histórias filosóficas sobre o comportamento humano. Com o passar dos tempos fui sendo mais exigente e agora temas relacionados com esoterismo interessam-me muito. No fundo acho que me estou a fartar de ser uma peça mecânica da sociedade actual, uma parte da engrenagem na linha de montagem humana.

Se realmente esta energia que se sente no ar, que dizem está a aumentar, for verdadeira, eu quero poder senti-la. Quero poder entrar no mundo das almas, quero saber mais que aquilo que sei, quero crescer. Ouço relatos lindos de experiencias de quase morte, de reencarnações, de leitura da áurea, do real significado das cores, da harmonia entre o homem e a natureza, da paz entre os homens, da existência da luz, de diferentes dimensões, da inexistência do tempo e do espaço, da auto cura, da energia…

Se existe um Deus, ou vários, ou o que quer que seja, eu quero descobrir.
Se existe algo mais que esta vidinha que levamos diariamente, eu quero descobrir.
Se posso encarar a vida de outra forma, vive-la melhor e mais intensamente, eu quero descobrir.
Se poder olhar-me, olhar os outros, olhar a natureza de outro modo, eu quero descobrir.
Não o consigo fazer sozinho, tenho de saber quem consegue e, eu quero descobrir.
Se existe vida para além da morte eu quero saber.

quarta-feira, maio 19, 2010

E se o Tejo vazasse?

Desta vez optei por uma publicação diferente, algo imaginário, algo de diferente. Como sempre o texto é uma partilha, neste caso a partilha de um pensamento recorrente. Como morador na famosa margem sul, faz parte da minha rotina diária a travessia do rio Tejo. Faço-o praticamente todos os dias úteis do ano, excepto quando estou de férias ou por qualquer motivo em que não tenha de vir trabalhar. Faço-o há 17 anos, a travessia de barco, agora nos recentes catamaran’s. Por vezes em tom de brincadeira, e se calhar não me engano, digo que tenho mais horas de mar que a maioria dos almirantes da marinha. Nos últimos tempos, não sei explicar o porquê, quando olho para o rio pergunto-me:

- “E se o Tejo vazasse?”

Imaginem, apenas imaginem, não interessa como, se, de repente, o rio Tejo ficasse sem qualquer água…

Possivelmente, muitos dos marinheiros e capitães,
ou outros, os que vivem do rio,
poderão imaginar como seria.

Eu não.
Não faço a menor ideia como seria.
Mas a minha imaginação faz,
apenas não sei se andarei perto da realidade.

Penso no relevo,
sim,
como ficaria a vista do Barreiro para Lisboa?
De Lisboa para Almada?
De Alcochete para o Montijo?

Penso nas pontes,
sim,
imaginar como seria a vista da ponte 25 de Abril,
imaginar como seria a vista da ponte Vasco da Gama,
imaginar todas as outras a montante,
as suas partes ocultas.

Penso,
tento imaginar,
um verdadeiro tesouro no seu fundo,
um passado perdido, esquecido, ocultado,
uma incógnita.

Penso,
imagino,
automóveis, barcos, esqueletos, armas, talheres, ferramentas,
lixo, lixo e muito mais lixo imagino eu.

Penso,
posso imaginar,
quanta história, quantos crimes, quantos sonhos, quantas vidas,
quanto estará oculto, submerso.

Penso,
vou continuar a imaginar,
continuar a imaginar que imagino,
sem sequer imaginar como seria se vazasse.

Penso,
imagino,
simplesmente,
se vazasse.

terça-feira, maio 04, 2010

Bodas de...

Ora aqui vai uma publicação que penso ser muito útil para quem está casado ou necessita um bom incentivo para uma qualquer comemoração. Faço-o porque eu mesmo estou à beira de comemorar 10 anos de casamento. Como se trata de uma passagem para os dois dígitos acho que devo tornar o dia diferente, apimentar o mesmo com algumas dicas acessórias. Reza a história em Portugal que após a comemoração da data da cerimónia que anuncia o casamento: “o dia do casamento”, contamos, depois, com as bodas de Prata (aos 25 anos de casamento) e com as Bodas de Ouro (aos 50 anos de casamento), para podermos comemorar algo de diferente. No entanto parece que um pouco por todo o mundo existe um motivo, ano após ano, para comemorar. Como tal pesquisei um pouco pela NET e pelo vistos todos os anos se encontra um tema, um nome ou um motivo para comemorar. Partilho então convosco as respectivas bodas, mas não se esqueçam que convém oferecer algo mais que palavras ok?

· 01 ano - Bodas de Algodão
· 02 anos - Bodas de Papel
· 03 anos - Bodas de Trigo
· 04 anos - Bodas de Cera
· 05 anos - Bodas de Madeira
· 06 anos - Bodas de Perfume
· 07 anos - Bodas de Lã
· 08 anos - Bodas de Cobre
· 09 anos - Bodas de Cerâmica
· 10 anos - Bodas de Estanho
· 11 anos - Bodas de Aço
· 12 anos - Bodas de Seda
· 13 anos - Bodas de Linho
· 14 anos - Bodas de Marfim
· 15 anos - Bodas de Cristal
· 16 anos - Bodas de Safira
· 17 anos - Bodas de Rosa
· 18 anos - Bodas de Turquesa
· 19 anos - Bodas de Cretone
· 20 anos - Bodas de Porcelana
· 25 anos - Bodas de Prata
· 30 anos - Bodas de Pérola
· 35 anos - Bodas de Coral
· 40 anos - Bodas de Rubi
· 45 anos - Bodas de Platina
· 50 anos - Bodas de Ouro
· 60 anos - Bodas de Diamante
· 70 anos - Bodas de Cobre
· 75 anos - Bodas de Brilhante
· 80 anos - Bodas de Carvalho

Poderão existir ainda mais bodas pelo meio, ainda assim se houver quem comemore aniversários de casamento para além dos 80 anos resta-me dizer... PARABÉNS!

segunda-feira, abril 26, 2010

Pais após o casamento dos seus filhos.

Quase no final do mês de Abril e ainda sem ter tido alguma ideia para uma nova publicação decidi procurar um tema na NET. Decidi salientar um tema muito importante na sociedade actual, muitas vezes também foco de muitos problemas que passa pela relação com os pais após o casamento dos seus filhos. Nem sempre se trata de uma relação fácil, muitas vezes de forma consciente ou inconsciente podem provocar mesmo o fim de uma relação. Além da independência do casal, recém casados ou não, muitas vezes poderão também ocorrer problemas de falta de privacidade, nomeadamente ingerência nos assuntos do casal. Nesta relação entre pais e filhos a tomada de decisão, quando necessária, nunca é tomada de animo leve, os laços são muito fortes e muitas vezes as partes não aceitam bem as criticas. Durante a pesquisa encontrei uma publicação bastante interessante, sobre este mesmo tema, o mesmo está assinado por Madalena Dias na secção fichas de leitura no site http://www.emspublinet.com/. Apreciei e partilho convosco:

O que aparentemente é uma questão banal e instituída socialmente, consiste num dos maiores paradigmas relacionais e está associado a muitos divórcios ainda na era actual. Trata-se do encontro e adequação do papel dos pais no casamento dos filhos.

Teoricamente, com a idade adulta, os filhos passam a ser responsáveis pelas suas escolhas, pelas pessoas com quem convivem e se envolvem, pelo seu dinheiro e profissão. Esta liberdade confere aos filhos, o direito de assumirem as suas opções e de não permitirem as interferências parentais.

Contudo, na prática, as coisas não são bem assim! Por um lado, há filhos muito dependentes dos pais e, nem o casamento lhes permitiu o processo de desvinculação, por outro, há pais tão autoritários que, não aceitam as opções dos seus descendentes e interferem na sua vida conjugal.

Tudo começa desde que nascemos e recebemos as influências do meio. A rapariga constrói o modelo do pai, do irmão e de outros elementos masculinos dados como ideais para um futuro marido. O mesmo acontece com o rapaz e a mãe, a avó, a irmã ou outras influências femininas. Quantas mais pessoas do género oposto se conhecer, mais abertura intelectual teremos e mais facilmente nos ajustaremos numa relação.

O primeiro namoro precisa de ser “aprovado” pelos pais que, supostamente saberão quem melhor se adequa à vida do filho e, com esta atitude ingénua, os filhos estão a mostrar que não são capazes de fazer as suas escolhas. Este facto dá abertura aos pais que, de imediato, se assumem como protectores incondicionais e não sabem quando devem assumir um novo papel.

A ideia de fragilidade dos filhos e que eles serão eternas crianças, está aqui bem presente. Claro que, no casamento, o traço continuará e, daí os problemas e as “colheradas” no seio do casal!

Uma solução começa pelos filhos perceberem que têm essa responsabilidade, que só depois de aceitarem a pessoa em causa é que deverão apresentá-la aos pais como sendo a sua escolha, mesmo correndo o risco de errar e de mudar mais tarde, pois nada é absoluto ou perfeito. Com esta postura, naturalmente os pais percebem que os filhos cresceram e procuram outros centros de interesse para si. Eis que começa o processo de desvinculação que é: aceitação e respeito entre pais e filhos, mas cada um segue o seu percurso de vida, com a manutenção dos laços afectivos.

Os pais não terminam no casamento dos filhos, nem estes só evoluem com a autorização parental. Há um corte necessário na forma de se encararem mutuamente. O rapaz deverá manter a sua relação com os pais que, no fundo são as suas referências e a rapariga igualmente alimentar a relação parental, mas o novo elemento não deverá expor-se a essa transformação. Com o tempo e a reestruturação familiar, naturalmente a nora e o genro passarão a ser aceites, mas é um processo gradual e, nem sempre fácil e óbvio.

O novo elemento deverá concentrar-se na pessoa amada e não nos sogros, pelo que a distância é uma boa opção até que exista consistência relacional e alguma confiança adquirida. Lembre-se de que, primeiro os pais têm de se adaptar à ideia do filho adulto, só depois terão capacidade para aceitar a sua escolha amorosa, por isso, não se envolver no seio familiar é um truque com bons resultados, senão poderá comprometer o casamento mesmo sem que dele tenha tirado partido!

Ao mesmo tempo, o filho precisa de se contextualizar da ideia de casado e de saber como vai lidar com os pais. Sem que se pense no assunto, é aqui que reside a base do casamento bem sucedido: separar os papéis para que se construam de uma forma mais amadurecida.

Muitos casais não chegam a consolidar a relação pela necessidade de aprovação dos pais. Não há erro maior, pois afinal quem é que vai viver com a pessoa?! Ao mesmo tempo, a ideia de que o “filho merecia melhor” é outro estigma que limita a acção da nora ou do genro, pois os pais fazem um retrato de quem gostariam para os filhos.

Este processo é tão normal que os filhos deverão proteger-se, pois caso contrário, terão muitas dificuldades em viver uma relação estável e duradoura. Não cabe aos pais saber como agir, mas sim aos filhos dizer como desejam ser tratados na idade adulta e depois de casados…

De Madalena Dias,

http://www.emspublinet.com/index.php?article=10016&visual=8&id_area=1&layout=20

quarta-feira, março 24, 2010

Aniversário

Mais um! É verdade, o relógio não pára e hoje passo para os 39 aninhos. Cada vez mais perto a despedida dos intas, será daqui a um ano a chegada aos entas se entretanto nada me acontecer. É mais um dia especial e estou a trabalhar como é costume, o serviço não pára e cada dia é importante. Sinto-me bem e melhor que o ano passado, e isso é bom. É verdade que a responsabilidade continua a aumentar e os pensamentos são mais realistas. Tal como o ano passado não estou triste, nem sequer melancólico, os anos passam e temos de aproveitar a vida ao máximo, no melhor e no pior. Amadureci mais um pouco e os conhecimentos adquiridos compensam algumas variantes em fase descendente, confirma-se que a vida é um binómio entre o físico e a alma. No plano físico tenho tido umas crises de rins, dizem que é falta de água e se assim for irei tentar beber mais. Felizmente continuo a não sentir nos ossos as manias do tempo, e também não consigo decifrar se chove por um simples olhar do céu ou dos pássaros. Já a alma encontra-se calma e em paz. Admiro ainda mais o silêncio, a barulheira já me irrita e adoro ainda mais o meu sofá, amor esse que continua a aumentar exponencialmente. Ainda continuo sem fazer desporto, não me alimento sempre de forma saudável e continuo a fumar meio maço de tabaco por dia. Tenho mesmo de alterar alguns maus hábitos pois penso no futuro e isso é inevitável, quero como toda a gente, ter boa qualidade de vida, sem sofrimentos físicos ou outros. A minha norma mantém-se, deixar fluir e ir vivendo, dia após dia, batalha após batalha, lutar sempre pelo melhor para mim e para os que me rodeiam. Quanto aos meus amores, a minha mulher continua linda e a minha filha está a crescer, linda como a mãe. O meu pai está estabilizado na sua doença, a minha mãe lá continua uma lutadora que sofre em silêncio. Os sogros estão porreiros mas a família perdeu este ano um elemento importante, o meu querido tio Saul, a quem dediquei o post anterior. Este ano não faço nenhuma festa, apenas irei almoçar com os meus pais e sogros possivelmente. Para o ano logo penso em algo mais festivo com todos os amigos, tipo uma celebração. Até lá então…

sexta-feira, março 19, 2010

Saul Vieira

Esta publicação tem um motivo muito especial, trata-se de uma homenagem minha a um tio muito querido, de nome Saul Vieira . É a primeira vez que o vou fazer, e infelizmente faço-o depois da sua recente morte… é sempre assim. O meu tio também tinha um “animigo” (ver post com o mesmo nome em Março de 2006), igual ao meu, e talvez por isso tenha morrido de cancro do pulmão, quem sabe se foi mesmo por isso? Possivelmente terá sido essa a causa, prematura, da sua partida para o céu. Todos sabemos que aplicar a racionalidade á morte de entes queridos é difícil, a perda sabe sempre a grande injustiça, mas prefiro pensar que o seu sofrimento acabou e encontra-se agora em descanso. O Saul era aquele tio sempre bem disposto e divertido, destacava-se dos demais nas festas da família, sendo sempre o motor da boa disposição e o apelador da gargalhada geral. Sempre gostou de beber uns copitos, o que agudizava a sua veia brincalhona e o desinibia ainda mais. Era no fundo o centro das atenções, mesmo para aqueles que não o conheciam, e que criavam rápida empatia com ele. A sua atitude sempre jovem era apelativa ao diálogo, aquelas pessoas com quem falamos sem problemas, era um de nós… um eterno jovem. Na sua oficina peculiar, ou museu como eu lhe chamava, qualquer peça mesmo que insignificante ganhava vida. Era o seu cantinho, onde sentado num banquinho pequeno se ouvia sempre bom fado ou a eterna Banda de Alcochete, de onde era natural. Não foram muitas as ocasiões, a malta casa e depois tem a sua vida, mas no local ainda bebi uns copos e fumei umas cigarradas com ele. Era também uma referência entre amigos e colegas de trabalho, os quais mostraram resignação na sua partida. Penso que a sua grande prisão e sofrimento durante os últimos dois anos deveram-se a não se poder expandir, a sua alma jovem teve de partilhar o corpo de um velhinho, sendo uma incompatibilidade fatal. Se o céu existir é por lá que o iremos encontrar, espalhando alegria e boa disposição.

Descansa em paz.

terça-feira, fevereiro 23, 2010

Associação Criminosa, E.P.

No mundo do desporto, concretamente em desportos praticados com as mãos, costuma-se aplicar o termo “mão quente” quando um jogador está a marcar pontos, golos ou qualquer quer que seja o objectivo. Aproveito a analogia por achar que os políticos portugueses, e também os seus amigos de confiança, andam com as mãos bem quentes. Não cheguei a esta conclusão porque tenha provas disso, até porque não tenho nenhumas provas para apresentar. Aliás, no que respeita a provas, já ninguém sabe bem o que vale ou não vale como tal, é que existem agora as provas formais, e as informais também. No fundo, nós, os outros, andamos cercados com informações e desinformações, ataques e defesas, cabalas e compadrios, por entre uma série de “novos” termos que vão surgindo, tais como amiguismo, combinata e muitos outros. Não serão estas a palavras que gostaríamos de estar sempre a ouvir daqueles que por nós foram eleitos democraticamente, que elegemos para darem rumo a este pais… (paragem).

Passaram-se seis dias até voltar a este texto, muita coisa aconteceu, incluído a tragédia que se abateu sobre a ilha da Madeira. Não sei se será coincidência, no texto que publiquei em 15 de Janeiro de 2010 intitulado “2012, A Profecia…”, disse ter a sensação que, principalmente este ano, iriam suceder-se uma série de catástrofes naturais. Também disse que poderia ser sugestão, e poderá continuar a ser. Posso estar a exagerar, mas este inverno tendencialmente rigoroso deixa-me um pouco deprimido, dai talvez me tenha deixado levar por isso e ando um pouco “negativo”. Os últimos textos são exemplo disso, reconheço que não ando muito optimista em relação ao futuro e uma onda cinzenta vagueia pela minha cabeça. Há que mudar o ciclo e corrigir esta abordagem, levantar a moral e enfrentar o futuro com esperança.

Publico o texto e mantenho o titulo, continuo a ter as minhas dúvidas em relação aos nossos políticos, no entanto nada posso provar, nem sequer a mim mesmo. Poderei, em época de eleições, contribuir com a minha opinião em relação a tudo o que se tem passado, votando, ou não.

Agradeço as palavras da minha grande amiga Teresa, sempre fiel e quase única comentadora dos meus textos. Invariavelmente tenho a tendência em convergir para a negatividade, está-me no sangue. Voltei a equilibrar as forças e afinal há esperança no futuro, as palavras da Teresa são um indicio disso mesmo.

Caso para dizer, poucos comentadores… mas bons.

quarta-feira, fevereiro 17, 2010

Estranho mundo que habita dentro de nós…

Não é um tema novo nas minhas publicações, mas é um tema com o qual constantemente me debato. Já falei, directa ou indirectamente, sobre os paralelos da vida, a interior e a exterior. Tenho focado muito nos últimos tempos na compreensão do universo, pesquisando ou procurando algumas “possíveis” respostas, não de como a vida surgiu, mas de como a vida se desenvolve, como chegar á “verdade” da existência. Procuro no meu mundo algumas respostas e quantas vezes sou surpreendido, ou interrompido, com aquelas perguntas tipo:

- “… em que pensavas?”;
- “… estás no mundo da lua?”;
- “… parece que nunca andas cá…”;

È verdade, por vezes não ando por cá, ando mesmo por lá, lá longe, onde existe um mundo concebido á minha medida, só meu. Nesse mundo tenho a possibilidade de viver a vida que quero, ser o que quiser e, a melhor parte, fazer acontecer… tudo o que quiser e como quiser. Fantástico esse mundo, onde vivemos em pura consciência, onde os sentimentos abraçam os nossos desejos, onde a vida é real, onde somos 100% nós mesmos. Não se trata de olhar para dentro, de sonhar acordado, é viver em liberdade num mundo “físico” cheio de regras e barreiras a cada passo, em cada momento. Recorrendo á técnica de analogia, essencial em qualquer exposição ou experiência, em minha opinião o nosso interior não mais é do que um simples e básico simulador. O uso, a técnica, consiste em num único sistema utilizar toda uma série de dados, ou variáveis, impossíveis de utilizar em qualquer outro modelo similar. O resultado das simulações, a aplicação do mesmo, é também uma verdadeira surpresa, em que por vezes a nós próprios surpreende.

Há quem diga que reflectindo mudamos o nosso interior. Não sei se posso concordar com esta afirmação, assim de forma simples, ou com este ponto de vista, pelo menos no meu caso. A reflexão, a “solo”, permite-nos viver e reviver de acordo com a nossa vontade, avançar e recuar, analisar e concluir, mas sem garantia que possamos mudar o que quer que seja. Neste mundo, só nosso, podemos mudar sim, mas nunca nos iremos separar da nossa vontade, do nosso verdadeiro ser ou essência. A reflexão em grupo, o ideal, a tendência, não é mais nem menos do que encontrar um ponto comum em todos os mundos, ou nos enquadramos, ou não. Teremos de simular e obter respostas.

Há quem diga que, dentro de nós, se inicia a construção de um mundo melhor. Nada mais poderia ser verdade, mas de que mundo falamos? Certamente não será do mundo “físico”, esse nunca será melhor que o “nosso mundo”. A verdade é que sempre iremos querer um mundo melhor, melhor para nós mesmos certo? Há que ter a coragem de o dizer assim mesmo, não vale a pena mentirmo-nos. Cada um de nós irá sempre tentar conduzir ou levar que se chegue a um mundo á sua própria imagem, aquele que idealiza no seu simulador. Cada um de nós irá seguir e tentar passar para a vertente física o seu próprio mundo. Só assim cada um de nós poderia viver num mundo melhor. Como isso em teoria não é possível, se bem que para alguns independentemente do processo ou meio em que vive, como vive, ou como se proporcionou viver, possa mesmo acontecer e viver no seu mundo ideal, aos restantes cabe a “penosa” tarefa de viver com cedências, adaptar-se ao possível.

Portanto, como também há quem diga, vivemos no mundo que construímos…mas será mesmo assim? Acho que não… porquê? Não pode nem nunca poderá existir um mundo perfeito, aquele que muitas vezes se designa como a vida no céu, chegar ao céu. Cabe-nos viver neste “mundo possível”, cedendo e criando cedências, sobreviver aos mundos de todos nós, ao mundo desconhecido onde existe toda uma série de variáveis e incógnitas, em conformidade com a natureza, a variável das variáveis, a incógnita das incógnitas. A chave é simples, no nosso mundo tudo é possível, basta querermos. No mundo real, no mundo físico, no mundo dos mundos, não basta apenas querer, basta simplesmente sobreviver, querendo…

segunda-feira, fevereiro 15, 2010

Free Run


Existe um termo no mundo das telecomunicações designado “free run”, ou melhor, sem qualquer fornecedor ou fonte de relógio. Por norma, as redes de telecomunicações têm preferencialmente uma única fonte de relógio de referência, e deverá ser válida e fiável. Tenho escrito sobre vários assuntos que me ocorrem, preocupo-me no entanto por expor os mesmos criando variadas analogias, fiáveis. O termo, traduzido á letra, diz tudo sobre o ponto onde vou querer chegar, corremos sem qualquer referência, pelo menos válida e muito menos fiável. Ainda hoje, durante a hora de almoço, eu e os meus colegas debatíamos sobre o estado actual da sociedade e falou-se muito de capitalismo e de “Zeitgeist”.

Sobre o capitalismo já quase toda a gente falou, a fundo ou não todos têm opinião formada sobre o assunto, no entanto acho que andamos todos um pouco enganados. Há muitos anos atrás o capitalismo era a tábua de salvação mundial, quem já não ouviu a celebre expressão “o sonho americano”. No fundo o capitalismo é uma ideologia como qualquer outra, a experiência assim o diz e o resultado também o comprova. Sempre se promovem com boas bases, sustentadas ao bem estar da sociedade, com bom fundo e como objectivo principal a elevação da raça humana. Com os meus 38 anos, vivendo quase sempre sobre a alçada do dito capitalismo, já não vou tendo dúvidas sobre o eminente colapso do mesmo. Como sempre a ideia até não é má, mas a derivação sofrida ao longo dos tempos e a constante lacuna humana a incrementar ruído e a desviar o processo vão dar mau resultado. Não o digo por ter aderido a qualquer outra ideologia, elas existem e a espaços começam a surgir seguidores e pregadores das mesmas. Desde soluções ligadas à religião, ao humanismo, até mesmo o recurso a uma terceira guerra mundial, não me parece existir em qualquer delas uma única solução. O que pretendo dizer é que estamos mesmo “lixados” e reforço que maus tempos virão, não acredito que a situação se resolva a bem, infelizmente.

Quanto a Zeitgeist acho melhor não falar sobre o assunto, quem quiser que pesquise na internet ou o faça da forma que achar mais apropriada. Já me habituei a esquemas de contra informação e a duvidar de tudo e de todos, já nada tem o selo de “verdade” e agora optei por ouvir o meu instinto… só vendo é que acredito. Sei que é triste chegar a esta conclusão, no fundo não preciso ir muito longe para verificar o actual estado da sociedade. Na conjuntura actual recupera-se de uma grave crise financeira, mas no fundo e se pensarem bem a mesma não passou de uma triste brincadeira. A sociedade em si abanou, algumas pessoas sofreram e sofrem os seus efeitos, já alguns beneficiam com os mesmos. É o capitalismo no seu estado mais puro: débito/crédito.

Poderão perguntar, e bem, se existe alguma solução para evitar o anunciado colapso da actual sociedade. A maioria das pessoas diria que sim, existe sempre uma solução para tudo, o que acaba por ser verdade, nem que seja porque se quer ser optimista e se tem esperança que tal aconteça. A minha resposta é invariavelmente negativa, se me questionarem sobre o assunto não vejo qualquer solução válida nem praticável nos próximos tempos. Geralmente os sistemas são ensaiados em modo reduzido, testam-se pequenas amostras que poderão servir de base a decisões, ou a conclusões. No meu banco de ensaio, a minha observação ao modelo onde estou enquadrado dá-me resposta imediata à pergunta. Não vejo em nada nem em ninguém qualquer referência maior que me chame a atenção, que me faça seguir determinado caminho, apenas sobrevivo no meu cantinho. Como pessoa tenho os meus valores, aprendi-os á minha custa e agradeço a muita gente a pessoa em que me tornei. O meu fio condutor passa pela minha própria pessoa e pelos meus entes mais queridos, até por alguns amigos que muito estimo. Nada de novo foi dito, assim sou eu e praticamente todas as pessoas que habitam neste planeta. A vida é curta, nunca se sabe o dia de amanhã, os nossos filhos terão de se desenrascar e não vale a pena chatearmo-nos com isto. Quando a coisa der para o torto irei defender-me como puder, a mim e aos meus, não irei olhar a fronteiras nem a qualquer espécie de compaixão humana. Somos assim e este é o nosso estado mais puro.

No fundo terei de chegar a esta modesta conclusão, o homem e a sua sociedade trabalham em modo: free run!

sexta-feira, janeiro 15, 2010

2012, A Profecia...

Já estamos em 2010, desejo a todos um excelente ano, se não for melhor que também não seja pior. Em relação a mim, a primeira quinzena que já passou continua como terminou em 2009, em ascendente. Começo assim o lançamento de mais um post, o primeiro, com um tema que a espaços se ouve falar por ai, o ano 2012. Existe um filme sobre o assunto mas ainda não o vi, estou curioso e já vi no YouTube alguns trailers do mesmo. Já em 1999 se falou muito sobre o assunto, corria a frase ”a 2000 chegarás, dos 2000 não passarás…”. Passámos!


Acabei por me dar à procura de algum fundamento para mais uma data anunciada para o fim, algures em Dezembro de 2012. Mesmo não tendo as melhores expectativas para o futuro da raça humana este seria um final… sei lá… complicado, estranho. Terminei as buscas porque é um tema horrível, acho que seria bastante deprimente se agora me desse a preparar-me para esse dia. Tenho, ainda assim, a noção que a nossa vida irá começar a sofrer algumas complicações, algo está a mudar no “nosso universo”. Tenho a sensação que, principalmente este ano, irão suceder-se uma série de catástrofes naturais, será por sugestão? Não sei.

O facto é que dou-me por vezes a pensar em medidas preventivas, guardar racionamento de toda a espécie, construir um abrigo, etc. Até já pensei em comprar uma arma, ou várias, tudo numa perspectiva da possibilidade de ocorrer o que de pior penso para o futuro. Penso principalmente na protecção da minha família, nos meus entes mais queridos, na possibilidade de lhes acontecer algo. É uma linha de pensamento que não quero de forma alguma alimentar, trata-se do futuro e como tal estaria a criar cenários, e bem negros. Dai, vou-me forçar a ignorar o assunto, continuar a viver ao momento, olhar para o futuro de forma mais positiva, enfim… viver naturalmente.

Ainda assim, da pesquisa que efectuei, relembro o que me levou a pensamentos fora do comum, ao verdadeiro medo, segue a profecia:


"A profecia maia para 2012 baseia-se em um alinhamento astronômico. Em dezembro de 2012, o sol do solstício vai se alinhar com o centro de nossa galáxia. É um raro alinhamento cósmico. Acontece uma vez a cada 26.000 anos" diz John Major Jenkins, autor do livro Maya Cosmogenese 2012.”


Partilho também este endereço, penso ser um site interessante e aborda toda uma série de leituras e linhas de pensamento:




Tudo de bom a todos… até aqueles que não gosto.