terça-feira, outubro 26, 2010

Chomsky e as 10 Estratégias de Manipulação Mediática.

Desde há muito tempo que venho alertando as pessoas para o facto de estarmos sempre atentos e informados, dentro do possível e com o que nos é permitido saber. No meu caso sempre desconfiei da minha liberdade, ou do seu significado, bem como saber qual o meu papel no seio da sociedade. No meu universo mais próximo, no que me rodeia, bem como em tudo na minha vida, não suporto ser manipulado ou enganado. Sempre me preocupei em não ser um mero peão/cidadão, um simples número nos cadernos eleitorais ou apenas um número em qualquer entidade, serviço ou base de dados. Há muito que desconfio daqueles que têm a possibilidade de interferir na nossa vida, os ditos lideres, em quem, no fundo, depositamos confiança quando os elegemos como tal, directa ou indirectamente. Como eu pensam algumas pessoas, desconfiam do sistema e preocupam-se, mas apenas nos podemos contar com a nossa atenção e desconfiança. Não adiro à máxima: “Felizes são os ignorantes…”, mas reconheço que ando seriamente preocupado com o actual estado da sociedade humana, ao ponto de tudo fazer para partilhar o que penso saber com todas as pessoas. É apenas uma linha de pensamento e posso sempre estar equivocado, no entanto decidi partilhar quem também pensa como eu. Avram Noam Chomsky, linguista norte americano conhecido pelas suas posições políticas de esquerda e pela sua crítica da política externa dos Estados Unidos. Descreve-se como um socialista libertário, havendo quem o associe ao anarcossindicalismo, posições que não subscrevo. Ainda assim elaborou a lista das 10 estratégias de manipulação através dos média, com a qual concordo. Vamos lá:

(01) A ESTRATÉGIA DA DISTRAÇÃO.

O elemento primordial do controle social é a estratégia da distração que consiste em desviar a atenção do público dos problemas importantes e das mudanças decididas pelas elites políticas e económicas, mediante a técnica do dilúvio ou inundações de contínuas distrações e de informações insignificantes. A estratégia da distração é igualmente indispensável para impedir ao público interessar-se pelos conhecimentos essenciais, na área da ciência, da economia, da psicologia, da neurobiologia e da cibernética. "Manter a atenção do público distraída, longe dos verdadeiros problemas sociais, cativada por temas sem importância real. Manter o público ocupado, ocupado, ocupado, sem nenhum tempo para pensar; de volta à granja (quinta) como os outros animais (citação do texto 'Armas silenciosas para guerras tranquilas')".

(02) CRIAR PROBLEMAS, DEPOIS OFERECER SOLUÇÕES.

Este método também é chamado "problema-reacção-solução". Cria-se um problema, uma "situação" prevista para causar certa reacção no público, com o fim de que este seja o mandante das medidas que se deseja fazer aceitar. Por exemplo: deixar que se desenvolva ou se intensifique a violência urbana, ou organizar atentados sangrentos, a fim de que o público seja o mandante de leis de segurança e políticas em prejuízo da liberdade. Ou também: criar uma crise económica para fazer aceitar como um mal necessário o retrocesso dos direitos sociais e o desmantelamento dos serviços públicos.

(03) A ESTRATÉGIA DA GRADUAÇÃO.

Para fazer com que se aceite uma medida inaceitável, basta aplicá-la gradualmente, a conta-gotas, por anos consecutivos. É assim que condições socio-económicas radicalmente novas (neoliberalismo) foram impostas durante as décadas de 1980 e 1990: Estado mínimo, privatizações, precariedade, flexibilidade, desemprego em massa, salários que já não asseguram ingressos decentes, tantas mudanças que haveriam provocado uma revolução se tivessem sido aplicadas de uma só vez.

(04) A ESTRATÉGIA DO DEFERIDO.

Outra maneira de se fazer aceitar uma decisão impopular é a de apresentá-la como sendo "dolorosa e necessária", obtendo a aceitação pública, no momento, para uma aplicação futura. É mais fácil aceitar um sacrifício futuro do que um sacrifício imediato. Primeiro, porque o esforço não é empregado imediatamente. Em seguida, porque o público, a massa, tem sempre a tendência a esperar ingenuamente que "tudo irá melhorar amanhã" e que o sacrifício exigido poderá ser evitado. Isto dá mais tempo ao público para acostumar-se com a idéia de mudança e de aceitá-la com resignação quando chegue o momento.

(05) DIRIGIR-SE AO PÚBLICO COMO CRIANÇAS DE BAIXA IDADE.

A maioria da publicidade dirigida ao grande público utiliza discurso, argumentos, personagens e entoação particularmente infantis, muitas vezes próximos à debilidade, como se o espectador fosse um menino de baixa idade ou um deficiente mental. Quanto mais se tentar enganar o espectador, mais se tende a adoptar um tom infantilizante. Por quê? "Se você se dirige a uma pessoa como se ela tivesse a idade de 12 anos ou menos, então, em razão da sugestionabilidade, ela tenderá, com certa probabilidade, a uma resposta ou reacção também desprovida de um sentido crítico como a de uma pessoa de 12 anos ou menos de idade (ver "Armas silenciosas para guerras tranquilas")".

(06) UTILIZAR O ASPECTO EMOCIONAL MUITO MAIS DO QUE A REFLEXÃO.

Fazer uso do aspecto emocional é uma técnica clássica para causar um curto circuito na análise racional, e por fim ao sentido critico dos indivíduos. Além do mais, a utilização do registo emocional permite abrir a porta de acesso ao inconsciente para implantar ou enxertar ideias, desejos, medos e temores, compulsões, ou induzir comportamentos...

(07) MANTER O PÚBLICO NA IGNORÂNCIA E NA MEDIOCRIDADE.

Fazer com que o público seja incapaz de compreender as tecnologias e os métodos utilizados para seu controle e sua escravidão. "A qualidade da educação dada às classes sociais inferiores deve ser a mais pobre e medíocre possível, de forma que a distância da ignorância que paira entre as classes inferiores às classes sociais superiores sejam e permaneçam impossíveis para o alcance das classes inferiores (ver 'Armas silenciosas para guerras tranquilas')".

(08) ESTIMULAR O PÚBLICO A SER COMPLACENTE NA MEDIOCRIDADE.

Promover o público a achar que é moda o facto de ser estúpido, vulgar e inculto...

(09) REFORÇAR A REVOLTA PELA AUTOCULPABILIDADE.

Fazer o indivíduo acreditar que é somente ele o culpado pela sua própria desgraça, por causa da insuficiência da sua inteligência, das suas capacidades, ou dos seus esforços. Assim, ao invés de revoltar-se contra o sistema económico, o individuo desmoraliza-se automaticamente e culpa-se, o que gera um estado depressivo do qual um dos seus efeitos é a inibição da sua acção. E, sem acção, não há revolução!

(10) CONHECER MELHOR OS INDIVÍDUOS DO QUE ELES MESMOS SE CONHECEM.

No decorrer dos últimos 50 anos, os avanços acelerados da ciência têm gerado crescente brecha entre os conhecimentos do público que aquelas possuídas e utilizadas pelas elites dominantes. Graças à biologia, à neurobiologia e à psicologia aplicada, o "sistema" tem desfrutado de um conhecimento avançado do ser humano, tanto de forma física como psicologicamente. O sistema tem conseguido conhecer melhor o indivíduo comum do que ele mesmo conhece a si mesmo. Isto significa que, na maioria dos casos, o sistema exerce um maior controle e um grande poder sobre os indivíduos do que os indivíduos a si mesmos.

As palavras de Avram Noam Chomsky valem o que valem, cada pessoa tem o direito de as interpretar com bem entender e a sua opinião é válida. No meu caso vão ao encontro e no seguimento da minha própria linha de pensamento, quanto a mim está a acontecer. Por isso a todos apenas peço que fiquem atentos aos sinais e aos detalhes de roda pé, principalmente aos média, que nos entram pela casa dentro todos os dias. Apenas pensem no assunto e olhem à vossa volta, ao que se passa no mundo…

terça-feira, outubro 19, 2010

Tempos de crise e a crise dos tempos…

No nosso modesto (não para todos) pais os tempos andam convulsos. São tempos de crise onde as componentes social e económica andam de candeias às avessas. Na realidade essas mesmas componentes da sociedade nunca se deram bem, numa verdadeira relação de amor-ódio. No fundo convivem na mentira onde a economia jamais se preocupa com o social, absorvendo-a consoante se encontre saudável ou não. Já o social, quer por regra ou incapacidade, não se preocupa com a economia, consumindo-a sem pensar no futuro da relação. Trata-se de um sistema imposto pelo Homem para o Homem, onde algum Homem vai “alimentando-se” de outro Homem. É uma forma de sociedade onde na equação da sobrevivência o factor social pouco peso tem, simplesmente uns creditam e outros debitam. Quando a relação azeda toda a sociedade se apressa a “culpabilizar” a economia, esquecendo-se do social, esquecendo-se do Homem.

Quem vem seguindo as minhas publicações já deve ter-se apercebido que a palavra Homem é para mim central. Digo-o porque o Homem desde a sua origem é o ser vivo que mais deixa a sua pegada no nosso mundo. Temos hoje, nem todos, consciência que não são boas as pegadas, salvo raras excepções. O Homem é um ser inteligente, está capacitado com um cérebro que aprende e desenvolve, mas cada espécime é diferente de outro, não existindo, nesta matéria, qualquer dúvida. O Homem vive em sociedade mas não é “nada social”. O Homem não está a saber viver em harmonia com o seu mundo nem consigo próprio, esgota recursos naturais e esgota-se enquanto espécie. A continuar assim vai acontecer-lhe o mesmo que às restantes espécies, vai-se extinguir! Também já não é a primeira vez que escrevo sobre isto, e não querendo ser repetitivo apenas pretendo alertar para a actual situação. A cada Homem é permitido fazer algo, por muito pouco que seja, para começar a inverter todo um processo de autodestruição, para muitos involuntário. Mas a diferença está nos detalhes, há que começar por algum desses detalhes, por mais ínfimo que pareça.

Eu sou Homem, já me apercebi da situação e já alterei alguns detalhes, mas estou limitado a mim mesmo. Posso contribuir para melhorar o meu universo mais próximo, a minha “área” de intervenção, o que me rodeia. E falo de todos os detalhes, desde capacitar-me de mais e mais informação, de aprender cada vez mais e de parar… apenas para pensar. Faço-o à minha maneira e aprendi a agir, a reagir e a obter resultados. Pequenos detalhes como apagar sempre as lâmpadas em divisões sem ninguém permite-me poupar energia, poupar o planeta e a carteira. Conduzir mais devagar no automóvel permite-me poupar combustível, poupar o planeta e a carteira. Utilizar a mesma garrafa de água, enchendo-a quando vazia, durante uma semana, permite-me poupar o planeta e a carteira, etc.

Existe um custo, pessoal, de privação ou bem estar, de hábito ou qualquer outro. Tudo na nossa vida tem um custo, com ou sem retorno, mas na actual situação qualquer detalhe, por muito pequeno que seja… conta!

terça-feira, outubro 12, 2010

António José Costa

António era o nome do meu querido pai e que saudades já tenho dele. Quis a vida que na passada quarta-feira deixasse de estar entre nós. No final desse dia eu senti que seria a ultima vez que lhe daria um beijo e lhe agarraria a mão, sentia-o… pressentia-o. Estava hospitalizado em estado critico há 10 dias, eu via-o a cair, a cada dia mais um pouco, aqui e ali o seu estado físico debilitava. Há muito que sofria e eu, egoísta, queria-o perto de mim. Ainda esperou que eu o visitasse e me despedisse, mas penso que já estaria a seguir o seu caminho, seguia a luz… No final o cancro venceu, mesmo com todos os tratamentos… venceu. Sempre tive esperança que fosse contemplado com um qualquer milagre, mesmo eu tendo um qualquer conflito com a religião mas não com qualquer entidade superior. Até à noticia fatal essa esperança permanecia viva… eu queria que acontecesse. Mas não aconteceu!

Já passaram os dias da “despedida” física. O seu corpo já repousa ao sabor da terra e a natureza trata do resto. Custa-me ainda pensar nisso, mas as coisas funcionam assim. Ele era um homem amigo da natureza, privava com ela de uma forma especial, fundiam-se a cada momento, a cada respirar, a cada acção sua. Foi realmente um homem bom e um bom homem, não por ser meu pai, mas porque o era mesmo. Esteve entre nós 64 anos e 8 meses, mas eu acho que merecia estar mais e ter sofrido menos. Custa-me a entender o porquê de nos últimos 3 anos ter tido de sofrer tanto, por que razão, ou que razão poderá ter havido, para a dor passar a ser sua companheira fiel, a sua cruz. Não vale a pena pensar nisso. Eu, minha mãe e família o recordamos no seu melhor. Recordo-o em tudo o que sou e em tudo o que tenho.

Esta publicação não é uma homenagem, é apenas um desabafo, são apenas palavras. Adoro-te Pai porque estás sempre presente e jamais te esquecerei. Para mim estás vivo e aqui ao pé de mim. Não te toco mas sinto-te, sei que olhas por todos nós…