terça-feira, fevereiro 23, 2010

Associação Criminosa, E.P.

No mundo do desporto, concretamente em desportos praticados com as mãos, costuma-se aplicar o termo “mão quente” quando um jogador está a marcar pontos, golos ou qualquer quer que seja o objectivo. Aproveito a analogia por achar que os políticos portugueses, e também os seus amigos de confiança, andam com as mãos bem quentes. Não cheguei a esta conclusão porque tenha provas disso, até porque não tenho nenhumas provas para apresentar. Aliás, no que respeita a provas, já ninguém sabe bem o que vale ou não vale como tal, é que existem agora as provas formais, e as informais também. No fundo, nós, os outros, andamos cercados com informações e desinformações, ataques e defesas, cabalas e compadrios, por entre uma série de “novos” termos que vão surgindo, tais como amiguismo, combinata e muitos outros. Não serão estas a palavras que gostaríamos de estar sempre a ouvir daqueles que por nós foram eleitos democraticamente, que elegemos para darem rumo a este pais… (paragem).

Passaram-se seis dias até voltar a este texto, muita coisa aconteceu, incluído a tragédia que se abateu sobre a ilha da Madeira. Não sei se será coincidência, no texto que publiquei em 15 de Janeiro de 2010 intitulado “2012, A Profecia…”, disse ter a sensação que, principalmente este ano, iriam suceder-se uma série de catástrofes naturais. Também disse que poderia ser sugestão, e poderá continuar a ser. Posso estar a exagerar, mas este inverno tendencialmente rigoroso deixa-me um pouco deprimido, dai talvez me tenha deixado levar por isso e ando um pouco “negativo”. Os últimos textos são exemplo disso, reconheço que não ando muito optimista em relação ao futuro e uma onda cinzenta vagueia pela minha cabeça. Há que mudar o ciclo e corrigir esta abordagem, levantar a moral e enfrentar o futuro com esperança.

Publico o texto e mantenho o titulo, continuo a ter as minhas dúvidas em relação aos nossos políticos, no entanto nada posso provar, nem sequer a mim mesmo. Poderei, em época de eleições, contribuir com a minha opinião em relação a tudo o que se tem passado, votando, ou não.

Agradeço as palavras da minha grande amiga Teresa, sempre fiel e quase única comentadora dos meus textos. Invariavelmente tenho a tendência em convergir para a negatividade, está-me no sangue. Voltei a equilibrar as forças e afinal há esperança no futuro, as palavras da Teresa são um indicio disso mesmo.

Caso para dizer, poucos comentadores… mas bons.

quarta-feira, fevereiro 17, 2010

Estranho mundo que habita dentro de nós…

Não é um tema novo nas minhas publicações, mas é um tema com o qual constantemente me debato. Já falei, directa ou indirectamente, sobre os paralelos da vida, a interior e a exterior. Tenho focado muito nos últimos tempos na compreensão do universo, pesquisando ou procurando algumas “possíveis” respostas, não de como a vida surgiu, mas de como a vida se desenvolve, como chegar á “verdade” da existência. Procuro no meu mundo algumas respostas e quantas vezes sou surpreendido, ou interrompido, com aquelas perguntas tipo:

- “… em que pensavas?”;
- “… estás no mundo da lua?”;
- “… parece que nunca andas cá…”;

È verdade, por vezes não ando por cá, ando mesmo por lá, lá longe, onde existe um mundo concebido á minha medida, só meu. Nesse mundo tenho a possibilidade de viver a vida que quero, ser o que quiser e, a melhor parte, fazer acontecer… tudo o que quiser e como quiser. Fantástico esse mundo, onde vivemos em pura consciência, onde os sentimentos abraçam os nossos desejos, onde a vida é real, onde somos 100% nós mesmos. Não se trata de olhar para dentro, de sonhar acordado, é viver em liberdade num mundo “físico” cheio de regras e barreiras a cada passo, em cada momento. Recorrendo á técnica de analogia, essencial em qualquer exposição ou experiência, em minha opinião o nosso interior não mais é do que um simples e básico simulador. O uso, a técnica, consiste em num único sistema utilizar toda uma série de dados, ou variáveis, impossíveis de utilizar em qualquer outro modelo similar. O resultado das simulações, a aplicação do mesmo, é também uma verdadeira surpresa, em que por vezes a nós próprios surpreende.

Há quem diga que reflectindo mudamos o nosso interior. Não sei se posso concordar com esta afirmação, assim de forma simples, ou com este ponto de vista, pelo menos no meu caso. A reflexão, a “solo”, permite-nos viver e reviver de acordo com a nossa vontade, avançar e recuar, analisar e concluir, mas sem garantia que possamos mudar o que quer que seja. Neste mundo, só nosso, podemos mudar sim, mas nunca nos iremos separar da nossa vontade, do nosso verdadeiro ser ou essência. A reflexão em grupo, o ideal, a tendência, não é mais nem menos do que encontrar um ponto comum em todos os mundos, ou nos enquadramos, ou não. Teremos de simular e obter respostas.

Há quem diga que, dentro de nós, se inicia a construção de um mundo melhor. Nada mais poderia ser verdade, mas de que mundo falamos? Certamente não será do mundo “físico”, esse nunca será melhor que o “nosso mundo”. A verdade é que sempre iremos querer um mundo melhor, melhor para nós mesmos certo? Há que ter a coragem de o dizer assim mesmo, não vale a pena mentirmo-nos. Cada um de nós irá sempre tentar conduzir ou levar que se chegue a um mundo á sua própria imagem, aquele que idealiza no seu simulador. Cada um de nós irá seguir e tentar passar para a vertente física o seu próprio mundo. Só assim cada um de nós poderia viver num mundo melhor. Como isso em teoria não é possível, se bem que para alguns independentemente do processo ou meio em que vive, como vive, ou como se proporcionou viver, possa mesmo acontecer e viver no seu mundo ideal, aos restantes cabe a “penosa” tarefa de viver com cedências, adaptar-se ao possível.

Portanto, como também há quem diga, vivemos no mundo que construímos…mas será mesmo assim? Acho que não… porquê? Não pode nem nunca poderá existir um mundo perfeito, aquele que muitas vezes se designa como a vida no céu, chegar ao céu. Cabe-nos viver neste “mundo possível”, cedendo e criando cedências, sobreviver aos mundos de todos nós, ao mundo desconhecido onde existe toda uma série de variáveis e incógnitas, em conformidade com a natureza, a variável das variáveis, a incógnita das incógnitas. A chave é simples, no nosso mundo tudo é possível, basta querermos. No mundo real, no mundo físico, no mundo dos mundos, não basta apenas querer, basta simplesmente sobreviver, querendo…

segunda-feira, fevereiro 15, 2010

Free Run


Existe um termo no mundo das telecomunicações designado “free run”, ou melhor, sem qualquer fornecedor ou fonte de relógio. Por norma, as redes de telecomunicações têm preferencialmente uma única fonte de relógio de referência, e deverá ser válida e fiável. Tenho escrito sobre vários assuntos que me ocorrem, preocupo-me no entanto por expor os mesmos criando variadas analogias, fiáveis. O termo, traduzido á letra, diz tudo sobre o ponto onde vou querer chegar, corremos sem qualquer referência, pelo menos válida e muito menos fiável. Ainda hoje, durante a hora de almoço, eu e os meus colegas debatíamos sobre o estado actual da sociedade e falou-se muito de capitalismo e de “Zeitgeist”.

Sobre o capitalismo já quase toda a gente falou, a fundo ou não todos têm opinião formada sobre o assunto, no entanto acho que andamos todos um pouco enganados. Há muitos anos atrás o capitalismo era a tábua de salvação mundial, quem já não ouviu a celebre expressão “o sonho americano”. No fundo o capitalismo é uma ideologia como qualquer outra, a experiência assim o diz e o resultado também o comprova. Sempre se promovem com boas bases, sustentadas ao bem estar da sociedade, com bom fundo e como objectivo principal a elevação da raça humana. Com os meus 38 anos, vivendo quase sempre sobre a alçada do dito capitalismo, já não vou tendo dúvidas sobre o eminente colapso do mesmo. Como sempre a ideia até não é má, mas a derivação sofrida ao longo dos tempos e a constante lacuna humana a incrementar ruído e a desviar o processo vão dar mau resultado. Não o digo por ter aderido a qualquer outra ideologia, elas existem e a espaços começam a surgir seguidores e pregadores das mesmas. Desde soluções ligadas à religião, ao humanismo, até mesmo o recurso a uma terceira guerra mundial, não me parece existir em qualquer delas uma única solução. O que pretendo dizer é que estamos mesmo “lixados” e reforço que maus tempos virão, não acredito que a situação se resolva a bem, infelizmente.

Quanto a Zeitgeist acho melhor não falar sobre o assunto, quem quiser que pesquise na internet ou o faça da forma que achar mais apropriada. Já me habituei a esquemas de contra informação e a duvidar de tudo e de todos, já nada tem o selo de “verdade” e agora optei por ouvir o meu instinto… só vendo é que acredito. Sei que é triste chegar a esta conclusão, no fundo não preciso ir muito longe para verificar o actual estado da sociedade. Na conjuntura actual recupera-se de uma grave crise financeira, mas no fundo e se pensarem bem a mesma não passou de uma triste brincadeira. A sociedade em si abanou, algumas pessoas sofreram e sofrem os seus efeitos, já alguns beneficiam com os mesmos. É o capitalismo no seu estado mais puro: débito/crédito.

Poderão perguntar, e bem, se existe alguma solução para evitar o anunciado colapso da actual sociedade. A maioria das pessoas diria que sim, existe sempre uma solução para tudo, o que acaba por ser verdade, nem que seja porque se quer ser optimista e se tem esperança que tal aconteça. A minha resposta é invariavelmente negativa, se me questionarem sobre o assunto não vejo qualquer solução válida nem praticável nos próximos tempos. Geralmente os sistemas são ensaiados em modo reduzido, testam-se pequenas amostras que poderão servir de base a decisões, ou a conclusões. No meu banco de ensaio, a minha observação ao modelo onde estou enquadrado dá-me resposta imediata à pergunta. Não vejo em nada nem em ninguém qualquer referência maior que me chame a atenção, que me faça seguir determinado caminho, apenas sobrevivo no meu cantinho. Como pessoa tenho os meus valores, aprendi-os á minha custa e agradeço a muita gente a pessoa em que me tornei. O meu fio condutor passa pela minha própria pessoa e pelos meus entes mais queridos, até por alguns amigos que muito estimo. Nada de novo foi dito, assim sou eu e praticamente todas as pessoas que habitam neste planeta. A vida é curta, nunca se sabe o dia de amanhã, os nossos filhos terão de se desenrascar e não vale a pena chatearmo-nos com isto. Quando a coisa der para o torto irei defender-me como puder, a mim e aos meus, não irei olhar a fronteiras nem a qualquer espécie de compaixão humana. Somos assim e este é o nosso estado mais puro.

No fundo terei de chegar a esta modesta conclusão, o homem e a sua sociedade trabalham em modo: free run!