quarta-feira, março 24, 2010

Aniversário

Mais um! É verdade, o relógio não pára e hoje passo para os 39 aninhos. Cada vez mais perto a despedida dos intas, será daqui a um ano a chegada aos entas se entretanto nada me acontecer. É mais um dia especial e estou a trabalhar como é costume, o serviço não pára e cada dia é importante. Sinto-me bem e melhor que o ano passado, e isso é bom. É verdade que a responsabilidade continua a aumentar e os pensamentos são mais realistas. Tal como o ano passado não estou triste, nem sequer melancólico, os anos passam e temos de aproveitar a vida ao máximo, no melhor e no pior. Amadureci mais um pouco e os conhecimentos adquiridos compensam algumas variantes em fase descendente, confirma-se que a vida é um binómio entre o físico e a alma. No plano físico tenho tido umas crises de rins, dizem que é falta de água e se assim for irei tentar beber mais. Felizmente continuo a não sentir nos ossos as manias do tempo, e também não consigo decifrar se chove por um simples olhar do céu ou dos pássaros. Já a alma encontra-se calma e em paz. Admiro ainda mais o silêncio, a barulheira já me irrita e adoro ainda mais o meu sofá, amor esse que continua a aumentar exponencialmente. Ainda continuo sem fazer desporto, não me alimento sempre de forma saudável e continuo a fumar meio maço de tabaco por dia. Tenho mesmo de alterar alguns maus hábitos pois penso no futuro e isso é inevitável, quero como toda a gente, ter boa qualidade de vida, sem sofrimentos físicos ou outros. A minha norma mantém-se, deixar fluir e ir vivendo, dia após dia, batalha após batalha, lutar sempre pelo melhor para mim e para os que me rodeiam. Quanto aos meus amores, a minha mulher continua linda e a minha filha está a crescer, linda como a mãe. O meu pai está estabilizado na sua doença, a minha mãe lá continua uma lutadora que sofre em silêncio. Os sogros estão porreiros mas a família perdeu este ano um elemento importante, o meu querido tio Saul, a quem dediquei o post anterior. Este ano não faço nenhuma festa, apenas irei almoçar com os meus pais e sogros possivelmente. Para o ano logo penso em algo mais festivo com todos os amigos, tipo uma celebração. Até lá então…

sexta-feira, março 19, 2010

Saul Vieira

Esta publicação tem um motivo muito especial, trata-se de uma homenagem minha a um tio muito querido, de nome Saul Vieira . É a primeira vez que o vou fazer, e infelizmente faço-o depois da sua recente morte… é sempre assim. O meu tio também tinha um “animigo” (ver post com o mesmo nome em Março de 2006), igual ao meu, e talvez por isso tenha morrido de cancro do pulmão, quem sabe se foi mesmo por isso? Possivelmente terá sido essa a causa, prematura, da sua partida para o céu. Todos sabemos que aplicar a racionalidade á morte de entes queridos é difícil, a perda sabe sempre a grande injustiça, mas prefiro pensar que o seu sofrimento acabou e encontra-se agora em descanso. O Saul era aquele tio sempre bem disposto e divertido, destacava-se dos demais nas festas da família, sendo sempre o motor da boa disposição e o apelador da gargalhada geral. Sempre gostou de beber uns copitos, o que agudizava a sua veia brincalhona e o desinibia ainda mais. Era no fundo o centro das atenções, mesmo para aqueles que não o conheciam, e que criavam rápida empatia com ele. A sua atitude sempre jovem era apelativa ao diálogo, aquelas pessoas com quem falamos sem problemas, era um de nós… um eterno jovem. Na sua oficina peculiar, ou museu como eu lhe chamava, qualquer peça mesmo que insignificante ganhava vida. Era o seu cantinho, onde sentado num banquinho pequeno se ouvia sempre bom fado ou a eterna Banda de Alcochete, de onde era natural. Não foram muitas as ocasiões, a malta casa e depois tem a sua vida, mas no local ainda bebi uns copos e fumei umas cigarradas com ele. Era também uma referência entre amigos e colegas de trabalho, os quais mostraram resignação na sua partida. Penso que a sua grande prisão e sofrimento durante os últimos dois anos deveram-se a não se poder expandir, a sua alma jovem teve de partilhar o corpo de um velhinho, sendo uma incompatibilidade fatal. Se o céu existir é por lá que o iremos encontrar, espalhando alegria e boa disposição.

Descansa em paz.