sexta-feira, março 19, 2010

Saul Vieira

Esta publicação tem um motivo muito especial, trata-se de uma homenagem minha a um tio muito querido, de nome Saul Vieira . É a primeira vez que o vou fazer, e infelizmente faço-o depois da sua recente morte… é sempre assim. O meu tio também tinha um “animigo” (ver post com o mesmo nome em Março de 2006), igual ao meu, e talvez por isso tenha morrido de cancro do pulmão, quem sabe se foi mesmo por isso? Possivelmente terá sido essa a causa, prematura, da sua partida para o céu. Todos sabemos que aplicar a racionalidade á morte de entes queridos é difícil, a perda sabe sempre a grande injustiça, mas prefiro pensar que o seu sofrimento acabou e encontra-se agora em descanso. O Saul era aquele tio sempre bem disposto e divertido, destacava-se dos demais nas festas da família, sendo sempre o motor da boa disposição e o apelador da gargalhada geral. Sempre gostou de beber uns copitos, o que agudizava a sua veia brincalhona e o desinibia ainda mais. Era no fundo o centro das atenções, mesmo para aqueles que não o conheciam, e que criavam rápida empatia com ele. A sua atitude sempre jovem era apelativa ao diálogo, aquelas pessoas com quem falamos sem problemas, era um de nós… um eterno jovem. Na sua oficina peculiar, ou museu como eu lhe chamava, qualquer peça mesmo que insignificante ganhava vida. Era o seu cantinho, onde sentado num banquinho pequeno se ouvia sempre bom fado ou a eterna Banda de Alcochete, de onde era natural. Não foram muitas as ocasiões, a malta casa e depois tem a sua vida, mas no local ainda bebi uns copos e fumei umas cigarradas com ele. Era também uma referência entre amigos e colegas de trabalho, os quais mostraram resignação na sua partida. Penso que a sua grande prisão e sofrimento durante os últimos dois anos deveram-se a não se poder expandir, a sua alma jovem teve de partilhar o corpo de um velhinho, sendo uma incompatibilidade fatal. Se o céu existir é por lá que o iremos encontrar, espalhando alegria e boa disposição.

Descansa em paz.

2 comentários:

Teresa disse...

Caro amigo, é verdadeiramente admirável a tua atitude, que demonstra toda a tua dignidade, homenageando um familiar próximo. É uma bela homenagem, transbordante de saudade, memórias bonitas, respeito e admiração. Acho que recordaste o teu tio como ele próprio gostaria de ser lembrado. E afinal, como dizia o poeta, a morte é apenas a curva da estrada; morrer é só deixar de ser visto...

alexandra disse...

Que forma reconhecida de homenagear um grande homem,um grande amigo, um grande tio, um grande pai.foi uma grande perda!acho que ainda nao acordei para a realidade,as saudades sao muitas e tenho que ter muita força para enfrentar esta realidade!vivo todos os dias com as boas recordaçoes, com os bons momentos que passamos, com as palavras carinhosas,e com o apoio que sempre me deu.eu só nao o vejo... eu sinto ele todos os momentos do meu dia a dia...há dias tive um acontecimento, que sem dúvida melhorei profissionalmente e sei que este acontecimento era de agrado do meu querido pai!como sempre, ele vai dar me sempre o seu apoio e acompanhamento! obrigada primo, pelas lindas palavras que dedicas-te ao meu querido pai que está sempre no meu coraçao!