segunda-feira, dezembro 28, 2009

Isto sim, é serviço público.


Antes do final do ano, para acabar em grande, gostaria de partilhar mais um e-mail recebido. Não apurei se a fonte é real ou é simples anedota, no entanto para qualquer das hipóteses não deixa de ser hilariante. Verídico, ou não, a história remonta a tempos antigos e ocorreu no nosso maravilhoso pais. Digamos que é a cereja em cima do bolo, facto que relaciono com tudo aquilo que este ano comentei em relação ao sector público português, nomeadamente em relação à justiça. Segundo indicação no e-mail, trata-se de uma sentença proferida em 1847 no processo contra o Prior de Trancoso, fonte do Arquivo Nacional da Torre do Tombo:

Autos arquivados na Torre do Tombo, Armário 5, Maço7
“Padre Francisco da Costa, prior de Trancoso, de idade de sessenta e dois anos, será degredado de suas ordens e arrastado pelas ruas públicas nos rabos dos cavalos, esquartejado o seu corpo e postos os quartos, cabeça e mãos em diferentes distritos, pelo crime que foi arguido e que ele mesmo não contrariou, sendo acusado de ter dormido com vinte e nove afilhadas e tendo delas noventa e sete filhas e trinta e sete filhos; de cinco irmãs teve dezoito filhas; de nove comadres trinta e oito filhos e dezoito filhas; de sete amas teve vinte e nove filhos e cinco filhas; de duas escravas teve vinte e um filhos e sete filhas; dormiu com uma tia, chamada Ana da Cunha, de quem teve três filhas, da própria mãe teve dois filhos. Total: duzentos e noventa e nove, sendo duzentos e catorze do sexo feminino e oitenta e cinco do sexo masculino, tendo concebido em cinquenta e três mulheres”.

Agora vem o melhor...
“El-Rei D. João II lhe perdoou a morte e o mandou por em liberdade aos dezassete dias do mês de Março de 1487, com o fundamento de ajudar a povoar aquela região da Beira Alta, tão despovoada ao tempo, e guardar no Real Arquivo esta sentença, devassa e mais papéis que formaram o processo”.

Tal como nos dias de hoje, isto sim, é serviço público.

quarta-feira, dezembro 23, 2009

Boas Festas em 2009

Cá estamos de novo a chegar ao final de mais um ano, já começaram os preparativos para a quadra natalícia e posteriormente a passagem para o novo ano. Para mim é altura de fazer contas, verificar se os objectivos estão cumpridos e detectar onde ocorreram falhas, se existirem claro. Sempre fui ouvindo, aqui e ali, que este seria uma ano de mudanças, chego agora ao final e na parte que me toca não posso deixar de concordar, elas de facto ocorreram. Ainda não acabou, está quase, mas pelo menos até agora as mudanças foram positivas e alguns objectivos foram cumpridos, acho que trabalhei bem.

Profissionalmente consegui um objectivo que estava pendente desde o ano de 2005, concretamente desde o “malvado” mês de Julho. Foram necessários quase 4 anos para ser transferido de departamento e de serviço, o empenho foi feroz e por vezes arriscado, mas foi essencial. À data de hoje tenho um “horário fixo”, trabalho num projecto aliciante que acabei por ser eu mesmo a criar, e faço o que gosto: programação. Apesar de não ser a minha designação de carreira na empresa, agora sim, sou Analista e Programador Informático. Sinto-me bem!

Financeiramente, com objectivo que também já vem pendente de há alguns anos, não existiu evolução “palpável”, no entanto algo mudou e já posso sonhar. Não vale a pena dizer quantos anos de pendência pois deixa-me um pouco angustiado, agora essa angustia foi suprimida e aliviada pois existe a possibilidade de evoluir nesse campo. Se a mudança profissional melhorou, e muito, a minha qualidade de vida, financeiramente não existiu nenhuma melhoria agregada, nenhuma mais valia. Quem me conhece sabe que tenho tudo certinho em ficheiro Excel, e nesta fase os números são animadores pois reduziu-se na despesa, o que é excelente!

Espiritualmente, o ano foi evoluindo em crescendo de confiança e em auto-estima, a todos os níveis mensuráveis as melhoras são notórias… sinto-as. Também desde 2005 que trabalho/penso no sentido de me melhorar, basicamente evoluir ao nível do processamento mental, aliviar a pressão, deixar fluir. A minha família, nomeadamente a minha mulher e a minha filha, são pedras basilares no meu bem estar, estão lindas e são as mulheres da minha vida. Este ano foi também repleto na aquisição de novas amizades, algumas importantes e de valor acrescido, por outro lado existiram alguns afastamentos. Agradeço a todos, aos mais recentes e aos que, por este ou aquele motivo se afastaram mais, são todos importantes e fazem parte da minha vida.

Fica aqui o meu relatório anual, parecendo-me positivo, e desejo a todos Feliz Natal e Bom Ano 2010.

Joaquim Costa

segunda-feira, dezembro 14, 2009

O que define a felicidade? (Parte II)


No passado fim de semana recebi o seguinte comentário ao post “O que define a felicidade?” que escrevi em 05 de Maio de 2008:

Bruno disse...

Meu amigo, eu tenho 14 anos moro com minha mãe e meu padrasto tenho uma casa grande, video-game, internet, poucos amigos mas em certos momentos eu fico feliz esses momentos sao quando estou com meus amigos. Em minha casa eu nao sinto uma gota de felicidade, eu sintia muito tédio mas agora eu sinto é tristeza. Minha mãe quer me por em um internato, eu estou louco para ir lá por que aqui eu não tenho nada a fazer e com quem a conversar. Acho que indo para lá ficarei mais feliz. Bom isso nao foi um comentário mas sim um grande desabafo para mim muito obrigado!

Hoje, 14 de Dezembro de 2009 respondi-lhe o seguinte:

O último comentário, ou melhor, o desabafo do Bruno deixou-me muito comovido. Não esperava hoje chegar aqui e ouvir estas palavras de um rapaz de 14 anos. São palavras muito sentidas, denotam um sofrimento silencioso (penso) e ditas com grande sentido de maturidade. Tenho uma filha que fez recentemente 7 anos, sei que não sou um pai perfeito mas sinto que lhe dou amor e carinho. Lamento a sua situação mas a vida por vezes surpreende-nos. Quem sabe um destes dia volta aqui e tudo mudou? Para melhor? Faço votos para que isso aconteça! Abraço e boa sorte...

Passou um ano e meio após publicar o meu post, muita coisa mudou desde essa data, quer na minha pessoa, que em todo o mundo. No meu caso pessoal posso afirmar, porque o sinto, que estou bem melhor comigo e com o mundo. O tempo, ou o passar do tempo, é o melhor curandeiro. Hoje para mim a felicidade poderá continuar a ser uma equação da vida, no entanto certas variáveis começam a deixar de fazer sentido. Como diz o Bruno, por muito que se eleve uma variável, por exemplo de bens materiais, o resultado final será sempre inferior ao que na realidade pretendemos. Ele responde, e certamente gostaria, que se elevasse um pouquinho só uma variável sentimental, como o amor por exemplo, para já se obter um resultado satisfatório.

A minha resposta ao Bruno foi o que desejei no momento, que todos estes cenários já tivessem acabado. Não me surpreendeu, infelizmente sabemos que existem muitas crianças, adolescentes e também muita gente adulta que não recebe amor. È trágico, mas cada vez mais uma certeza que o ser humano carece de amor, estando o mesmo a ser substituído por outros “adereços”. Não se chegou aqui, a este ponto, de forma inocente. Mas não é aqui e agora que irei falar sobre isso…

Dedico este post a um rapaz de 14 anos, ao Bruno, a quem apenas posso escrever e a quem digo que existe muito amor no mundo, para dar e receber. Se em tua casa não existe essa relação, quem sabe no internato não encontras a felicidade? Não percas o amor que tens dentro de ti, nem percas o amor pelo mundo. Um dia terás a oportunidade de ser pai, podes dar aos teus filhos todo esse amor que tens guardado dentro de ti. Podes também começar já a dar amor ao mundo, acredita que não estás sozinho e à tua volta alguém pode também precisar de ti.

Deixo-te estas palavras de esperança, deixo-te também um abraço (), com amor e amizade, fecha os olhos e sente-o.

Convido a todos os que por aqui passem a deixar uma mensagem ao Bruno,

Com amor por favor,