Antes do final do ano, para acabar em grande, gostaria de partilhar mais um e-mail recebido. Não apurei se a fonte é real ou é simples anedota, no entanto para qualquer das hipóteses não deixa de ser hilariante. Verídico, ou não, a história remonta a tempos antigos e ocorreu no nosso maravilhoso pais. Digamos que é a cereja em cima do bolo, facto que relaciono com tudo aquilo que este ano comentei em relação ao sector público português, nomeadamente em relação à justiça. Segundo indicação no e-mail, trata-se de uma sentença proferida em 1847 no processo contra o Prior de Trancoso, fonte do Arquivo Nacional da Torre do Tombo:
Autos arquivados na Torre do Tombo, Armário 5, Maço7
“Padre Francisco da Costa, prior de Trancoso, de idade de sessenta e dois anos, será degredado de suas ordens e arrastado pelas ruas públicas nos rabos dos cavalos, esquartejado o seu corpo e postos os quartos, cabeça e mãos em diferentes distritos, pelo crime que foi arguido e que ele mesmo não contrariou, sendo acusado de ter dormido com vinte e nove afilhadas e tendo delas noventa e sete filhas e trinta e sete filhos; de cinco irmãs teve dezoito filhas; de nove comadres trinta e oito filhos e dezoito filhas; de sete amas teve vinte e nove filhos e cinco filhas; de duas escravas teve vinte e um filhos e sete filhas; dormiu com uma tia, chamada Ana da Cunha, de quem teve três filhas, da própria mãe teve dois filhos. Total: duzentos e noventa e nove, sendo duzentos e catorze do sexo feminino e oitenta e cinco do sexo masculino, tendo concebido em cinquenta e três mulheres”.
Agora vem o melhor...
“El-Rei D. João II lhe perdoou a morte e o mandou por em liberdade aos dezassete dias do mês de Março de 1487, com o fundamento de ajudar a povoar aquela região da Beira Alta, tão despovoada ao tempo, e guardar no Real Arquivo esta sentença, devassa e mais papéis que formaram o processo”.
Tal como nos dias de hoje, isto sim, é serviço público.
1 comentário:
Pois, amigo, parece que aconteceu mesmo...Não é o "casa Pia" do século XV, mas deve ter sido bastante mediático. El Rei surpreendeu com a sentença pronta e a sua justiça muito própria. E nos nossos tempos, que novas surpresas nos aguardam no mundo da justiça?...
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